Novo estudo conclui que aquecimento global é responsável por um terço de mortes relacionadas ao calor
Crédito Foto: Patrick Perkins- Unsplash
O aquecimento global é responsável por uma em cada três mortes por calor entre os anos de 1991 e 2018. Esse é o impacto, segundo um novo estudo publicado na revista científica Nature Climate Change, atribuído ao aumento da temperatura global induzida pelos homens. Pela primeira vez, o documento apresenta as consequências causadas pelas mudanças climáticas e aponta outros fatores de risco para a saúde humana, que vão desde o aumento de incêndios florestais e condições climáticas extremas, até mudanças na propagação de doenças.
Liderado pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM) e pela Universidade de Berna, dentro da Rede de Pesquisa Colaborativa Multi-Country Multi-City (MCC), o estudo analisou dados de 732 locais em 43 países e estima que a América Central, América do Sul e Sudeste Asiático estão entre as regiões mais afetadas pelo problema. Colômbia e Equador, por exemplo, registraram um aumento de 76% no número de óbitos relacionados ao calor.
Outras cidades do continente americano também mantêm essa tendência: Santiago, capital do Chile, viu o número de mortes por calor subir 44%; Nova Iorque, nos Estados Unidos, apresentou dados similares. Já do outro lado do globo, no Sudeste Asiático, o aumento fica entre 48% e 61%. Outras importantes cidades mundiais, como Atenas (Grécia), Roma (Itália), Madri (Espanha), Londres (Inglaterra), Bangkok (Tailândia) e Ho Chi Minh (Vietnã), também já notaram os efeitos do aquecimento global na saúde de suas populações e acenderam o sinal vermelho para a questão.
E as previsões futuras não são animadoras. Os cenários das condições climáticas prevêem um aumento considerável nas temperaturas médias, culminando em eventos extremos como ondas de calor, que podem aumentar, ainda mais, a mortalidade e morbidade associada ao calor. Além disso, o documento mostra que o calor se distribui de forma desigual geograficamente, sendo que as populações que vivem em países mais pobres são as mais afetadas.
Os autores do estudo avaliam que essas evidências reforçam a urgência de adotar políticas para reduzir o aquecimento futuro e implementar intervenções para proteger as populações das consequências adversas da exposição ao calor. Para Antonio Gasparrini, professor da LSHTM, autor sênior do estudo e coordenador da Rede MCC, a mensagem é clara: “As mudanças climáticas não terão apenas impactos devastadores no futuro, mas todos os continentes já estão experimentando as terríveis consequências das atividades humanas em nosso planeta. Devemos agir agora”, alerta.