Focos de calor saltam de 2.677 no segundo trimestre para 25.441 nas áreas protegidas da Amazônia Legal  

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A Amazônia Legal está em chamas mais uma vez. Unidades de Conservação e Terras Indígenas, que por definição são protegidas, chegaram a registrar 35 focos de incêndio por dia, conforme mostra um levantamento feito pela Synergia Socioambiental. No terceiro trimestre deste ano, o número de focos de calor aumentou 850% em relação ao trimestre anterior, saltando de 2.677 para 25.441 no acumulado do ano.

O levantamento que vem acompanhando a evolução do cenário durante todo o ano mostra que em três das cinco Unidades de Conservação (APA Triunfo do Xingu, Flona Jamanxim e Resex Jací-Paraná) com maiores focos de calor em 2021 apresentaram, agora, números muito superiores ao total registrado em 2021. O mesmo ocorreu na Terra Indígena Parabubure, onde se registrou 508 focos de calor no trimestre versus 417 em todo o ano de 2021, como mostra a tabela abaixo.

 

Desmatamento

 

Esse aumento do número de focos de calor coincide com altas taxas de desmatamento na área da Amazônia Legal. Se no primeiro trimestre de 2022 o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou número recorde de alerta de desmatamento dos últimos 4 anos (3.413 alertas), no segundo trimestre de 2022, o número de alertas mais que triplicou em relação ao primeiro (11.626 alertas). O que parecia não ter como piorar, pirou: no terceiro trimestre o número foi ainda maior, foram 26.800 alertas de desmatamento em todo território da Amazônia Legal. Ao todo foram emitidos 41.248 alertas de desmatamento, totalizando 22.896 Km2, dentro da Amazônia Legal.

“Vemos que 2022 já superou 2021 em quantidade de focos de calor e caminhamos para o mesmo cenário trágico de 2020”, segundo Marcos Vinícius Quizadas de Lima, especialista de geoprocessamento da Synergia e responsável pela compilação e análise dos dados. O relatório Focos de Calor mostra que foram registrados nos meses de julho, agosto e setembro deste ano o montante de 25.441 focos de calor, que representam 850% de aumento em relação ao trimestre anterior (abril, maio, junho de 2022).

Segundo Lima, esse aumento pode estar ligado às invasões e atividades agrícolas ilegais em áreas protegidas. Além disso, outro fator que costuma provocar aumento de focos é o descontrole de queimadas realizadas fora das áreas protegidas e que, no período de pouca chuva, pode acabar saindo do controle e atingindo esses territórios no entorno.

 

Impactos irreversíveis

 

O terceiro trimestre têm sido o mais crítico entre os períodos analisados pela Synergia. Ao correlacionar os dados utilizados no estudo, percebe-se que há uma relação direta entre o surgimento de focos de calor e os alertas de desmatamento observados pelo Programa Deter do INPE, na maioria das áreas protegidas da Amazônia Legal. A segunda Terra Indígena com mais focos de calor dentro de suas delimitações foi a TI Apyterewa, com 721 focos teve 85 Km2 de alertas de desmatamento, já a Unidade de Conservação com mais focos foi a APA Triunfo do Xingu com 3.214 focos e 780 Km2 de alertas.

“Trabalhamos com a hipótese de que a intensificação da ocupação dessas áreas protegidas, bem como o uso do fogo sem fiscalização e técnicas adequadas para áreas de plantio e abertura de acessos, resultou nesse aumento exponencial na quantidade de focos de calor na região. A situação de fragilidade dos órgãos de fiscalização e controle podem, também, ter promovido ainda mais a vulnerabilidade dessas áreas. Por isso, reiteramos a necessidade de se investir em políticas de fortalecimento, fiscalização e controle do desmatamento imediatamente, pois algumas áreas protegidas parecem estar chegando em um processo de consolidação da ocupação e degradação em que os impactos podem ou já são irreversíveis”, finaliza Lima.

Faz parte do relatório da Synergia a evolução anual dos registros de focos de calor em áreas protegidas (UCs e TIs) na região da Amazônia Legal, conforme abaixo.

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