Emergências ambientais
Estado do Mato Grosso se prepara para enfrentar temporada de incêndios florestais – por Ana Claudia Machado
<Os longos períodos de estiagem mesclados à falta de conscientização da população e ao pouco investimento em fiscalização faz do Brasil um território com um grande número de incêndios florestais. O estado do Mato Grosso, por exemplo, que há mais de uma década figura entre os três com maior incidência de casos no País, decidiu tomar uma providência para mudar esse cenário: investir na formação dos profissionais que atuam diretamente com esse tipo de problema. Trata-se do primeiro curso de pós-graduação latu sensu em Prevenção, Controle e Combate a Incêndios Florestais do estado, proposto pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso e realizado na Escola de Governo do Mato Grosso. Para falar sobre essa iniciativa, bem como traçar um panorama sobre os principais impactos dos incêndios florestais no ecossistema, esta edição da Incêndio traz uma entrevista exclusiva com um dos coordenadores do curso, o tenente coronel Paulo André da Silva Barroso, comandante do Batalhão de Emergências Ambientais do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso. Com larga experiência na área, pois é bacharel em Engenharia Florestal pela UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) e especialista em Prevenção e Controle de Incêndios Florestais pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), Barroso afirma que um os grandes objetivos do curso é criar condições para que os profissionais que atuam na área ambiental e no atendimento a emergências de incêndios florestais possam ampliar os conhecimentos teóricos e práticos para atuar de forma colaborativa no planejamento de ações integradas. Confira:
O que motivou a criação do curso de pós-graduação lato sensu em prevenção, controle e combate a incêndios florestais?
Nos últimos 15 anos, o Mato Grosso tem ocupado as primeiras posições no ranking dos estados que mais queimam no Brasil. O Corpo de Bombeiros Militar é a instituição pública legitimada para tratar desta temática. O enfrentamento dos incêndios florestais é considerado um dos maiores desafios, visto que é uma das principais hipóteses de desastre e, por esta razão, o comando da Corporação entendeu que a melhor maneira de se obter sucesso seria por meio do aprofundamento do conhecimento deste problema. Daí a motivação para se criar este primeiro curso de pós-graduação.
É o primeiro do tipo no Brasil?
Não, o estado do Paraná foi o pioneiro em cursos desta natureza no País em razão dos grandes incêndios florestais ocorridos na região, principalmente na década de 1960 e 1970. Contudo, a partir do final da década de 1980 e, sobretudo nas décadas de 1990 e 2000, os incêndios florestais deslocaram-se da região Sul para a região Centro-Oeste e Norte do Brasil. Esta mudança ocorreu em razão da ocupação territorial motivada pelos governos da época e pela abertura de novas fronteiras provocadas pelo desenvolvimento da agropecuária. Em 2012, a Corporação entendeu o tamanho do problema e elaborou um projeto denominado Bombeiros Militares Florestais – Mato Grosso a fim de captar recursos oriundos do Fundo Amazônia junto ao BNDES. Uma das contrapartidas assumidas pelo Estado é a realização deste, que é o primeiro curso de pós-graduação desta natureza na região da Amazônia Legal. Vale destacar que o Mato Grosso passa por um momento de transformação onde o atual governo propôs na COP 21 a sigla CIP – Conservar, Incluir e Produzir. Nesta lógica, o curso vem contribuir para o desenvolvimento sustentável do Estado.
Leia a entrevista na íntegra em Incêndio – edição 131