Incêndio na Ultracargo: sistemas de combate são eficientes, garante projetista
Segundo Marco Antônio Uchôa Barbosa, demora na extinção das chamas requer explicações
Por Bruno Ribeiro
No ultimo dia 2 de abril começava aquele que já é considerado o maior incêndio em área industrial do Brasil: o do terminal da Ultracargo em Santos (SP). Ao todo, seis tanques foram atingidos em um evento que durou 197 horas, encerrando-se apenas oito dias após seu início e mediante o esforço de 118 homens. Felizmente sem deixar vítimas, o incidente gerou grande prejuízo financeiro e graves sequelas ambientais, como contaminação do ar e das águas.
Apesar da criticidade dos ambientes de armazenamento de combustíveis e inflamáveis, não é comum que um incêndio nessas instalações dure tanto tempo, propagando-se de um tanque a outro; afinal, existem normas e instruções técnicas que preconizam distâncias mínimas entre reservatórios e que especificam sistemas de resfriamento e de prevenção e combate a chamas bastante eficientes, ao menos no papel.
Para entender o caso, Incêndio entrevistou o engenheiro civil e mecânico Marco Antônio Uchôa Barbosa, responsável pelo projeto de segurança contra incêndio do terminal atingido. Nas páginas a seguir, ele dá alguns detalhes do sistema em funcionamento na planta e faz sua avaliação do episódio, com base nas informações divulgadas pela imprensa.
Incêndio: Como o e quando foi elaborado o projeto de prevenção e combate a incêndio da Ultracargo? Ele atende normas brasileiras e/ou estrangeiras?
Marco Antônio Uchôa: O projeto foi elaborado ente 2001 e 2002 e atendia plenamente as instruções técnicas dos bombeiros do Estado de São Paulo. Atendia também a norma 7505, da ABNT, específica para armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis. A instalação das bombas obedecia a uma norma da NFPA, dos EUA, porque não tínhamos uma boa norma brasileira de bombas. Então, o projeto atendia as normas, tanto que recebeu o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) e foi licenciada pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental). Claro que, nesse tempo, as normas passaram por revisões e alterações e não sei foram feitas as adequações necessárias.
Leia a entrevista na íntegra em Incêndio 118