Incêndio em boate na Califórnia tem mesmas características da tragédia em Santa Maria
Nos Estados Unidos, uma série de falhas e irregularidades numa casa noturna foram fatores que facilitaram a morte de 36 pessoas durante uma festa eletrônica. O investigadores do caso apontaram diversos erros que são similares aos que ocasionaram o incêndio na boate Kiss. Entre tais erros estão superlotação do local, falta de licença e de opções para saída de emergência, além de problemas com a estrutura do ambiente.
Veja algumas possíveis causas apontadas por autoridades e testemunhas que se assemelham aos problemas identificados na Kiss:
Superlotação da casa
O prédio nos Estados Unidos, chamado de Ghost Ship (navio fantasma), tem dois andares e tinha capacidade para receber até 50 pessoas, segundo afirmaram autoridades locais à imprensa norte-americana. Ainda não é possível confirmar o número de clientes que estavam participando da festa, mas a estimativa preliminar aponta para algo em torno de 100.
No caso da Kiss, a capacidade era para 691 pessoas, de acordo com informações entregues para a polícia após a tragédia. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) calculou que a boate suportaria, em condições normais, 769 clientes. Porém, o número de vítimas e pessoas que foram atendidas em hospitais foi de mais de 860. À época, os bombeiros e autoridades suspeitaram que mais de mil pessoas passaram pela casa noturna santa-mariense na madrugada da tragédia.
Saída de emergência
No Ghost Ship, havia apenas uma saída que poderia ser utilizada para emergência. Era o próprio local de entrada da casa. Em Santa Maria, a Kiss tinha apenas uma porta para entrada e saída das pessoas, que eram separadas, ainda, por um corredor, onde tinha outras duas aberturas.
Mudanças estruturais favoreceram a tragédia
Algumas das mudanças na estrutura tornaram extremamente difícil escapar do incêndio em Oakland. O armazém tinha várias divisórias que haviam sido acrescentadas recentemente e uma escada construída provisoriamente, estreita e de madeira rústica. Testemunhas relataram que muitas pessoas podem ter ficado presas no segundo andar porque não conseguiram descer. Os bombeiros que foram ao local encontraram dificuldades inesperadas para tentar retirar as pessoas com vida do interior do prédio. Havia diversos pedaços de madeira, estantes, estátuas, artesanato, entre outros obstáculos.
A boate Kiss, por sua vez, também sofreu mudanças impróprias. Um revestimento acústico de espuma comum foi instalado sem supervisão técnica. A perícia constatou que havia material inflamável e tóxico no produto, que libera cianeto durante queima — a maioria das vítimas morreu por asfixia. O inquérito policial concluiu que a grande quantidade de obstáculos na saída da boate foi determinante para o número de mortes, bem como a atitude dos seguranças, que, inicialmente, barraram algumas pessoas que tentaram sair da casa noturna porque não tinham feito o pagamento das comandas.
Problemas com alvará
De acordo com relato de testemunhas, o Ghost Ship era uma casa de um coletivo de artistas e tinha problemas de instalações e segurança. Segundo bombeiros e autoridades locais, o local deveria funcionar apenas para trabalho e não para festas. Cerca de 50 pessoas moravam no local, algumas delas crianças, conforme indicou uma apuração inicial.
Apesar de ser uma casa voltada para atividades noturnas, diversas irregularidades foram constatadas na emissão de alvarás para a Kiss. Por certos períodos, a boate funcionou de forma ilegal por falta de alvarás de localização, sanitário e ambiental. Alvarás de incêndio indevidos também foram emitidos.
Extintores de incêndio e detectores de fumaça
Nenhum detector de fumaça parece ter sido ativado durante o incêndio em Oakland. Um frequentador do local disse à imprensa norte-americana que não conseguiu acionar o extintor de incêndio que havia no prédio. No caso da Kiss, o equipamento que estava ao lado do palco não funcionou, e o sistema de exaustão da casa noturna estava obstruído.