Subcomandante do CBMESP relata como foi ação de combate ao fogo no terminal de cargas da Localfrio

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por Ana Claudia Machado

Mais de 50 horas foram necessárias para que o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo conseguisse conter as chamas que consumiram contêineres no terminal de cargas da empresa Localfrio, localizado no Porto de Santos, no litoral de São Paulo. O incêndio, de grandes proporções, ocorreu no início de janeiro deste ano e provocou uma nuvem de fumaça tóxica que atingiu os municípios de Guarujá, Santos, São Vicente e Cubatão. Na ocasião, uma mulher de 68 anos morreu por insuficiência respiratória. Segundo o laudo do IML (Instituto Médico Legal), a morte foi provocada justamente pela inalação dos gases tóxicos. Além disso, os centros médicos da Baixada Santista registraram cerca de 170 atendimentos, e os moradores da região foram obrigados a deixar suas casas. Segundo o relatório dos técnicos da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), o fogo, que atingiu 66 contêineres no terminal portuário da empresa, foi provocado por uma reação química, resultante do contato entre a água da chuva e 20 toneladas de ácido dicloroisocianúrico de sódio.

Para conseguir controlar o fogo, quase cem bombeiros participaram da ação e uma média de 30 viaturas foram deslocadas até o terminal portuário. A equipe precisou trabalhar ininterruptamente para isolar as cargas críticas, além de abrir cada contêiner envolvido no incêndio para aplicação de água em grande quantidade. “O trabalho teve uma longa duração devido à necessidade de manobra dos contêineres em diversas pilhas e fileiras”, explica o coronel Cassio Roberto Armani, subcomandante do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Segundo ele, outro fator que dificultou o combate ao incêndio foi a diversidade de produtos armazenados nas pilhas próximas aos contêineres. Presente na emergência e com vasta experiência profissional na análise de projetos técnicos e na realização de vistorias técnicas dos sistemas de proteção contra incêndio em edificações e áreas de risco, o coronel Armani conta na entrevista a seguir como foi estruturada a ação que, apesar de complexa, foi bem-sucedida.

Por que foi tão difícil controlar o incêndio que atingiu o terminal de cargas da Localfrio?
O incêndio no terminal de contêineres atingiu diversos produtos químicos, sendo que a maior parte dos contêineres possuía dicloroisocianurato de sódio, uma substância oxidante em estado sólido. Provavelmente, após o contato do produto de um dos contêineres com água (havia chovido na data), teria iniciado uma reação química, provocando a queima do produto perigoso e a propagação entre os demais contêineres de diversas pilhas e setores de armazenamento. O incêndio em sua fase inicial emitiu fumaça em diversas cores (magenta, amarela e em tons de cinza). Essa diversidade de cores indicava algum produto da queima que continha cloro (cor amarela), mas também indicava a presença de outras substâncias, o que de fato ocorreu. Havia nas pilhas vizinhas contêineres com diversos produtos, tais como: acrilato de butila, ácido acético, inseticida e até alimentos (pistache). A equipe de engenharia de segurança do trabalho da empresa buscou fornecer os dados logísticos de localização de diversos contêineres e seus respectivos conteúdos, a fim de que fossem eliminadas as possibilidades de o cenário se tornar mais grave do que já estava.

Como foi estruturada a ação de combate ao fogo?
Com o apoio de técnicos da Cetesb (agência ambiental estadual), os trabalhos de isolamento de cargas críticas foram realizados na madrugada do dia 15 de janeiro, assim como a abertura de cada contêiner envolvido no incêndio e a aplicação de água em grande quantidade. O trabalho teve uma longa duração devido à necessidade de manobra dos contêineres em diversas pilhas e fileiras. A tentativa de aplicação de espuma não foi eficaz e a forma de combate foi confirmada por especialistas no produto envolvido, além de dados de fichas de informações de segurança (FISPQ). Outro fator que influenciou a dificuldade no combate ao incêndio foi a diversidade de produtos armazenados nas pilhas próximas aos contêineres com o dicloroisocianurato de sódio.

 

Clique aqui e leia a entrevista na íntegra na edição 134 da revista Incêndio 

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