Incêndios envolvendo inflamáveis

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Os incêndios envolvendo combustíveis e inflamáveis em ambientes industriais estão se tornando cada vez mais comuns em razão da falta de conhecimento das propriedades e natureza do incêndio, bem como dos procedimentos de prevenção para reduzir o risco de incêndio.

Poucos sabem que um líquido não pega fogo, mas o que entra em combustão vão os vapores emanados por um líquido. Num incêndio, o aumento da temperatura faz o líquido se transformar progressivamente em vapor, o que favorece o processo de combustão.

Além do que, não é qualquer concentração do vapor que entra em ignição, mas uma proporção ideal com o ar. Se houver muito ar, a mistura é chamada de pobre e não entra em ignição. Se houver muito vapor, a mistura é chamada de rica e também não entra em ignição. Só entrará em ignição a mistura com proporções exatas entre o vapor e o ar.

Outro elemento importante é a fonte de ignição. É preciso uma energia mínima para que uma fonte possa ignitar uma mistura perfeita entre vapor de inflamável e ar. É por isso que um palito de fósforo acesso ao ser lançado num recipiente com gasolina se apaga.

Com todos os requisitos mostrados acima podemos concluir que não é fácil um incêndio com inflamável líquido. São precisas várias condições simultâneas para que se inicie um incêndio. E, portanto, podemos concluir que a prevenção falhou em vários fatores simultaneamente.

No entanto, temos também de admitir que uma vez iniciado um incêndio em inflamável líquido, especialmente em grandes volumes, não é fácil combater o fogo. Em determinadas situações a única solução é deixar queimar o inflamável até o seu total esgotamento. Porém, a solução do “deixar queimar” traz outro problema: com o fogo contínuo e duradouro é possível o aquecimento de reservatórios que se encontram próximos àquele que incendeia, havendo o risco de vários inícios de incêndio pelo atingimento da temperatura de ignição espontânea do inflamável, que é aquela na qual o inflamável produz fogo sem a presença de fonte de ignição.

Assim, um incêndio que estaria restrito a um tanque, por exemplo, depois de algum tempo pode se alastrar para todos os outros tanques que se encontram próximos, se transformando em verdadeira catástrofe.

Várias são as formas de prevenção do incêndio. Uma bastante importante é o controle da eletricidade estática mediante o aterramento perfeito dos equipamentos. Pequenos acúmulos de carga são potencialmente perigosos quando estamos lidando com inflamáveis. Até mesmo o corpo humano pode produzir correntes que podem iniciar um incêndio.

Seria desnecessário se falar das fontes de ignição como cigarros acessos, pois estas já são preocupação constante nos ambientes industriais.

Finalmente, em 2012 o Ministério do Trabalho alterou profundamente a NR-20 (Norma Regulamentadora nº 20) que trata dos líquidos combustíveis e inflamáveis. Grande parte das empresas ainda não se adaptaram a esta norma, que prevê inclusive a realização de análise de risco nos ambientes com vistas a simular o cenário num caso de incêndio ou explosão, além de vários outras ações com vistas a prevenir incêndios com inflamáveis.

Antonio Carlos F Vendrame

Antônio Carlos F. Vendrame, mestre em química ambiental e ecotoxicologia; engenheiro químico e engenheiro de segurança do trabalho; consultor técnico em segurança e higiene do trabalho; perito da justiça do trabalho, justiça cível e justiça federal.

1 Comentário
  1. marcos diz

    Fazer prevenção e muito caro, alem de investir em equipamentos de combate a incêndio não e feito manutenção destes equipamentos e muto menos testados de vez enquanto mais ninguém faz nada para prevenir só pensão em estatísticas nunca aconteceu, ai quando acontece quem paga e o meio ambiente.

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