Tragédia da Boate Kiss faz dois anos e pouca coisa mudou na prevenção
No último dia 27 de janeiro, uma das maiores tragédias já registradas no Brasil, o incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, RS, fez dois anos. Ao todo morreram 242 pessoas, a maioria por asfixia, e 630 ficaram feriadas.
Quando se analisa os principais fatores que contribuíram para o incêndio, apontados pela Polícia: material empregado para isolamento acústico (espuma irregular), uso de sinalizador em ambiente fechado, saída única, indício de superlotação, falhas no extintor e exaustão de ar inadequada, é possível perceber que se tratava de um risco anunciado e que continua presente em milhares de outros estabelecimentos espalhados pelo País.
Leis mais rígidas e maior fiscalização fazem parte dos “se houvesse” questionados por todos que lamentaram a ocorrência do incêndio, a perda de tantos jovens, os prejuízos causados à saúde dos sobreviventes, o trauma e o sofrimento das famílias.
Passados dois anos, algumas leis estaduais e municipais redigidas às pressas, para tentarem contornar as carências existentes ou mesmo as consequências das fiscalizações, que se avolumaram após a tragédia, são os legados até o momento.
Na Justiça estão em andamento dois processos criminais contra oito réus, sendo quatro por homicídio doloso (quando há intenção de matar) e tentativa de homicídio, e os outros quatro por falso testemunho e fraude processual. Sete bombeiros também respondem pelo incêndio na Justiça Militar, mas ninguém ainda foi condenado.
Em um momento de tanta dor a união foi o caminho encontrado pelas famílias para superarem o trauma e lutarem por seus direitos e por Justiça. Foi assim que surgiu a AVTSM (Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria), formalizada, em uma assembleia realizada no Colégio Marista Santa Maria.
O presidente da Associação, Adherbal Ferreira, seu idealizador, formou conselhos administrativos, fiscal e outros, para trabalharem pelos ideais da AVTSM, além de contar com Léo Becker, no cargo de vice-presidente.
Nesta entrevista, concedida à revista Incêndio, Ferreira fala das as ações desenvolvidas desde a criação da Associação e como este trabalho tem contribuído para ampliar a cultura de prevenção no País.
INCÊNDIO: Gostaria que o senhor falasse como surgiu a ideia de criar a AVTSM?
FERREIRA: A Associação surgiu no sétimo dia da tragédia, a partir de um comentário que fiz na Igreja Nossa Senhora das Dores. Logo após, um pai de uma das vítimas, Leo Becker, se juntou a mim e formamos a AVTSM, 14 dias depois desta conversa inicial. Porém, de fato e direito a data é 14 de março de 2013.
Confira a entrevista na íntegra na edição nº 115 da revista Incêndio.
Por Adriane do Vale
Vejo que apos a tragedia dai pra frente comecaram ter maiores fiscalizacoes. Onde vai nossas verbas quando falam em seguranca publica.