Sistema de prevenção, treinamento e comunicação podem evitar incêndios em hospitais

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Casos em Sergipe e Santa Catarina reforçam o alerta sobre os riscos existentes em unidades de saúde no país, que podem ser evitados com ações relativamente simples

Monitoramento diário de notícias de incêndios no País, realizado pelo Instituto Sprinkler Brasil, contabilizou 53 ocorrências no ano passado, praticamente o dobro dos 27 registrados em 2019. Quatro pessoas morreram após um incêndio atingir a ala de Covid-19 do Hospital Municipal Zona Norte Doutor Nestor Piva, em Aracaju, no dia 28 de maio deste ano. Três pacientes ficaram gravemente feridos. No mesmo dia, um princípio de incêndio na ala pediátrica do Hospital Ruth Cardoso no Balneário Camburiú, em Santa Catarina, assustou funcionários e pacientes. Já no dia 27 de outubro do ano passado as chamas deixaram cinco mortos no Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro. E em 2019, 25 pessoas morreram, 13 delas por causas ligadas à inalação de fumaça, em um incêndio no Hospital Badim, também na capital fluminense.

Um problema recorrente que exige atenção especial, segundo Camila Guello, Firestop Specialist na Hilti Group do Brasil, empresa de criação e desenvolvimento de softwares, serviços e tecnologias de ponta para a indústria e a construção profissional. “Temos uma carga extremamente grande de incêndios em hospitais, devido ao alto número de equipamentos eletromédicos, ar-condicionado e materiais de fácil combustão, como roupas de cama e produtos químicos”, afirmou durante o evento Healthcare TALKS organizado pelo Grupo Mídia, que abordou a adoção de medidas de segurança contra incêndio em edifícios hospitalares.

Thiago Otoni, gerente de Engenharia de Manutenção do Hospital Sírio-Libanês, lembrou que “há instituições de saúde no país muito antigas, que não têm estrutura ideal para evitar esse tipo problema.” Já Gleiner Ambrosio Ferreira, gerente executivo de Manutenção e Engenharia Corporativa da Rede de Hospitais São Camilo, destacou que essas edificações hospitalares antigas possuem grande aparato médico-tecnológico, porém sem estrutura adequada. “Torna-se um desafio incorporar essas duas estruturas – tecnológica e predial – para evitar que ocorra algum tipo de catástrofe.”

Independente da idade dos prédios que abrigam hospitais, segundo Cléo Pais de Barros, vice-presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar – ABDEH, a dinâmica dessas unidades causa dificuldades para estabelecer medidas protetivas contra incêndios. “Muitas vezes, um hospital está pronto em um dia e no outro já está expandindo sua estrutura”, afirmou. Além disso, Barros destacou que “a maioria dos problemas de incêndio em ambiente hospitalar é precariedade e a má conservação das instalações elétricas, principalmente dos ares-condicionados.”

Sistema de prevenção contra incêndio

Independente das edificações serem antigas ou atuais, Camila entende que existem medidas possíveis para evitar incêndios em qualquer estrutura. “A selagem corta-fogo é um dos itens que garante a compartimentação da estrutura. Ela é bastante simples, não mexe na estrutura da edificação e é extremamente eficiente”, garantiu. A compartimentação,lembra, auxilia na evacuação da fumaça durante um incêndio. “Esse tipo de estratégia é extremamente interessante, pois para a sua instalação não é necessária a desocupação do hospital.”

Treinamento e comunicação

Conhecer os protocolos e saber como agir num momento crítico é fundamental na análise de Barros. “Uma ação fundamental é atrelar a área de engenharia com a de obras, porque assim teremos uma visão ampla na segurança operacional”, disse. “Também é preciso que o colaborador saiba o que fazer em caso de incêndio e que participe do plano de contingência do hospital.”

O vice-presidente da ABDEH lembrou, contudo, que os gestores hospitalares ainda veem o investimento em medidas de segurança contra incêndio como um custo. “Se preparar para possíveis problemas é atuar na proteção de vidas. Um ser humano vale mais que uma quantia de dinheiro”, afirmou.

Alerta para hospitais de campanha

Outra dificuldade apontada por Barros é a aplicação de medidas de segurança contra incêndio em hospitais de campanha, bastante utilizados atualmente no combate à covid-19. “Estamos fazendo o máximo possível para implementar essas ações e atender a legislação em um espaço totalmente inadequado, mas que precisa funcionar rapidamente.”

Um problema que, segundo Otoni, do Hospital Sírio Libanês, também atinge as unidades permanentes, que tiveram que se adaptar para atender pacientes com coronavírus, o que obrigou a instituição a fazer diversas mudanças internas para evitar incêndios dentro do espaço hospitalar em um momento de incerteza. “Tivemos que alterar o fluxo, a logística e as instalações para poder adaptar todo o atendimento e não propiciar algum tipo de perigo aos usuários”, garantiu.

Covid-19 trará aprendizado

Mesmo com tantos desafios, Ferreira acredita que as medidas de prevenção contra incêndios em espaços hospitalares ganharão mais atenção, principalmente pós-covid. “Observamos uma maior relevância quanto à segurança da infraestrutura como um todo, desde o momento do projeto até a manutenção diária dentro do hospital.”

Camila concorda com o executivo do São Camilo e acredita que a pandemia deixará aprendizados. “As instituições precisam entender a necessidade de realizar uma análise técnico-diagnóstica para adoção das medidas corretas para prevenir possíveis incêndios.”

Um caminho que, para Barros, já é trilhado por uma nova geração de gestores mais conscientes da importância de se adotar medidas de segurança contra incêndios. “Os novos líderes já estão mais alinhados em entender as novas tecnologias para que estejam adaptadas à infraestrutura do hospital de forma segura para todos.”

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