Simuladores são aliados no treinamento de bombeiros
Pequenos focos, chamas intensas, efeitos flashover e backdraft. Essas são algumas situações em que os bombeiros precisam estar bem treinados e capacitados para reverter e o uso de um simulador é de extrema importância para o êxito nas ocorrências.
Investimentos estão sendo feitos para a aquisição de tais estruturas. O Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso recebeu, em maio, um simulador de dois andares cuja estrutura é possível realizar treinamentos com diversas configurações, como incêndios em subsolo, ao nível do solo, em pavimento superior e até mesmo em dois pavimentos simultâneos.
Treinamentos com simuladores
Segundo informações do CBMMT, os profissionais poderão ser submetidos a simulações realistas, seguras e controladas. “Compramos o simulador (estimado em R$ 1,5 milhão, com recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública) para aperfeiçoar o nosso efetivo, que ficará ainda mais capacitadoa combater incêndios em lugares fechados. Assim, vamos conseguir ter ainda mais eficiência em nossos atendimentos”, afirma Alessandro Borges, comandante-geral.
Composto por cinco contêineres marítimos, o Simulador de Desenvolvimento de Incêndio com Fogo Real – Fase V (como é conhecido) conta com dois pavimentos e duas câmaras de combustão fechadas, revestidos com placas cerâmicas com lã vulcânica e sensores de temperatura. Com sua aquisição, 18 instrutores do CBMMT foram habilitados a realizar operações e repassar o conhecimento a outros militares. A capacitação teve duração de cinco dias e foi realizada de acordo com o padrão da Associação Nacional de Proteção Contra Incêndios.
Pelo Brasil
Mato Grosso se junta a estados como Sergipe, Brasília, Espírito Santo e São Paulo (cujo equipamento está presente na Escola Superior de Bombeiros) dentre os estados que possuem simuladores. A corporação capixaba foi pioneira a implantar o sistema na América Latina, em 2019, com o modelo Compartment Fire Behavior Trainning (CFBT). Os primeiros a receberem as instruções foram 20 bombeiros de Minas Gerais, com aulas práticas e teóricas.
Tenente Coronel Benício Ferrari Junior, que realizou o treinamento à época, a realidade permitida pelos simuladores é o que garante o diferencial nas atividades.“Isso permite um incêndio simulado de forma segura. O fogo é de verdade, mas o incêndio não, porque está controlável. O realismo permite que o bombeiro seja treinado da maneira mais adequada para que, no combate real, o bombeiro o faça com mais segurança”, explica.
Em Brasília, o equipamento foi adquirido em fevereiro de 2020, e o segundo treinamento contou com 12 bombeiros militares que atuam como instrutores de combate a incêndio urbano iniciaram o treinamento operacional Live Fire Training. A corporação recebeu ainda a certificação internacional dos instrutores da National Fire Protection Association (NFPA), organização global sem fins lucrativos líder na criação de padrões de segurança. “Essas são práticas extremamente necessárias, já desenvolvidas em combate a incêndios urbanos, mas não era possível realizar treinamentos tão reais por falta dos elementos de segurança e controle de atmosfera que hoje integram os simuladores”, disse à Agência Brasília o major Paulo Fernando Leal, comandante do Centro de Treinamento Operacional.
Também em 2020, Sergipe adquiriu um simulador tipo container (a maioria é desse tipo), com investimento de R$ 141,6 mil. O chefe do DEPI (Departamento de Ensino, Pesquisa e Instrução) do Corpo de Bombeiros, tenente coronel BM Douglas de Moraes, explica container é uma tecnologia de treinamento sendo estudada por especialistas da área desde 2005 e usada no Brasil desde 2012. “Para se ter uma ideia, o modelo consegue simular condições extremas de combate a incêndio, em que a temperatura passa de 700ºC. O bombeiro entra equipado e consegue fazer o exercício de combate, além de observar o comportamento do fogo e de um incêndio em condições extremas. Isso dá tranquilidade maior ao entrar em ocorrências de menor complexidade. Quem passa por este tipo de treinamento, sente-se mais seguro”, afirma.
Foto: divulgação CBMMT