Seminário inicia processo de integração na prevenção e combate a incêndios florestais no país
Os incêndios florestais não devem bater recorde este ano no Brasil, na comparação com 2020, quando foram registrados as maiores queimadas desde 1999, quando começaram a ser computadas, devido à falta de material para queimar. Mas, nos próximos cinco anos teremos uma situação crítica com períodos mais longos de estiagem e chuvas mais escassas. A análise é do Major Diego Sommer Thiesen Alves, do Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal, que coordenou o I Seminário Internacional de Gestão em Incêndios Florestais, realizado na última semana em Brasília, e que reuniu representantes do Canadá, de Portugal e dos Estados Unidos, além de profissionais que atuam na prevenção e no combate a incêndios florestais no país.
Para o Major Sommer, entre os principais resultados do encontro estão a constituição de um grupo de trabalho (GT) para a criação de um protocolo de atuação conjunto para a modernização no combate ao fogo em áreas de preservação de florestas nativas e a apresentação e aprovação de uma minuta de projeto de lei de manejo integrado do fogo para todo o território brasileiro. “Também países como Portugal, Canadá, Estados Unidos e Austrália mostraram disposição em auxiliar com a troca de experiência”, afirmou.
O oficial acredita que o seminário foi um passo importante para a integração nacional para a prevenção e combate a incêndios florestais, além de ter aberto uma porta para a troca de informações fundamentais com países que vivem o mesmo problema do Brasil. “Apesar de terem mais recursos e equipamentos, além de pessoal, Estados Unidos, Canadá, Portugal e Austrália também sofrem anualmente com as queimadas. Todos temos muito a aprender com essa união.”
GT começa a trabalhar
Apesar da expectativa de que o seminário fosse iniciar um processo lento de atuação, a criação do GT foi um passo importante e que vai acelerar a integração no país, na avaliação de Sommer.
“Ele irá estimular a cooperação internacional. Acredito, inclusive, que para o ano que vem teremos condições de expandir o curso de especialização no combate a incêndios florestais da Universidade Federal do Paraná, que existe hoje apenas para alunos paranaenses, e em 2023 iniciaremos um intercâmbio com a Universidade de Coimbra, em Portugal”.
Manejo e prevenção
Outro trabalho importante, para o major Sommer, será a elaboração e apresentação, ao Congresso Nacional, de uma minuta de Projeto de Lei para a prevenção e o manejo do fogo, que contará com Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo), órgão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Defesa Civil, Conselho da Amazônia, Polícia Federal e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“Já existe um projeto de lei na Câmara dos Deputados há muito tempo, mas que não anda”, lembra Sommer. “Queremos fazer uma nova redação, mais atualizada, para apresentar aos congressistas”.
Participaram do evento comandantes-gerais e integrantes dos corpos de bombeiros militares, brigadistas e demais profissionais que atuam no combate a incêndios florestais no país.