ONG Associação Rede Contra Fogo se dedica a preparar brigadistas para combater incêndios na Chapada dos Veadeiros

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No segundo semestre de 2017 um incêndio destruiu cerca de 35 mil hectares de vegetação do cerrado no Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, em Goiás, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).  Foi uma das maiores tragédias ambientais da área de preservação. Além dos bombeiros e brigadistas no combate ao fogo, um grupo de voluntários se destacou no esforço de controlar as chamas. Autointitulada Rede Contra Fogo, a equipe atuou na logística, alimentação, transporte e comunicação.

Ailton Sá, um dos idealizadores do grupo, lembra que outra ação naquele ano foi arrecadar fundos, via financiamento coletivo, na plataforma Catarse. “Víamos as dificuldades que as pessoas que estavam na linha de frente do combate ao fogo era conseguir equipamentos, suprimentos médicos e os alimentos necessários”.  Ele lembra que o “funding” atingiu a meta de arrecadar R$ 100 mil em 23 horas. “Por não termos preparo e equipamentos não atuamos na linha de frente, por isso resolvemos buscar essa alternativa para ajudar”, lembra.

A união de todos, segundo o hoje brigadista, foi fundamental para o sucesso da operação que durou quase três semanas. “Vimos também a importância da participação de milhares de pessoas que nos apoiaram direta ou indiretamente por todo o Brasil e pelo mundo”, analisa.

Mas Sá não estava satisfeito e decidiu, junto com outros habitantes da cidade de Alto Paraíso de Goiás, que vive do turismo na região, mundialmente conhecida por suas belezas naturais, biodiversidade, suas nascentes e rios, criar a Associação Rede Contra Fogo, uma ONG (Organização não Governamental) focada no preparo de brigadistas voluntários contra incêndios e na arrecadação de fundos para equipamentos e cursos de formação.

A ideia se espalhou pelos oito municípios da Chapada e, de acordo com Sá, possibilitou a estruturação do grupo. “Hoje temos brigadas setoriais em toda a Chapada, com 116 brigadistas espalhados por todas as cidades”, festeja. “Todos foram treinados em cursos realizados pela Rede Contra Fogo”.

Com apoio do ICMBio e do PREVFOGO, órgão do IBAMA que reúne brigadistas de todo o país, este ano a Rede foi a primeira a enfrentar os incêndios na Chapada dos Veadeiros, que começaram no início de agosto. “Atualmente estamos muito melhor treinados e equipados e também atuamos na linha de frente”, explica Sá.

Dificuldades

Apesar de ter o reconhecimento de órgãos nacionais, Sá garante que a Rede Contra Fogo enfrenta dificuldades. “Além da óbvia falta de dinheiro, o fato da organização ser totalmente voluntária representa um problema, pois isso significa sacrificarmos nossa vida pessoal, nossos finais de semanas, momentos de folga e até mesmo férias para nos doarmos à defesa da Chapada”.

Mesmo estando bem estruturada hoje, a Rede ainda não tem uma viatura própria, destinada exclusivamente para o combate a chamas. “Usamos carros particulares dos voluntários para transportar equipamentos, alimentos e tudo o mais que precisamos e nem sempre há um carro disponível”, explica Sá, que tem feito pedidos para empresas e montadoras doarem um caminhão ou van.

Por outro lado, com o decorrer dos anos, Sá lembra que a comunidade começou a compreender melhor o trabalho desenvolvido pelo voluntariado e tem ajudado. “Principalmente as pessoas físicas colaboram muito. O comércio dos municípios da Chapada também faz doações, mas geralmente quando há incêndio para ser controlado. Contudo, no geral, o povo é bastante solidário com nosso trabalho”, garante.

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