Incêndios em carros elétricos impulsionam aprimoramento para atendimento desse tipo de ocorrência

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Já noticiamos aqui em Incêndio que, sejam carros com mais tempo de uso, sejam os modernos eletrificados, todos estão propensos a falhas e riscos de incêndios. Agora, com a busca por alternativas mais econômicas e sustentáveis, o setor está investindo em veículos elétricos, o que alavanca às indústrias a busca por soluções para minimizar tais riscos: segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), de janeiro a outubro de 2023, foram vendidos 67.047 veículos eletrificados leves no Brasil, um aumento de 73% em comparação a 2022.

“O conceito do carro elétrico possui um motivo de ser no país, já que as baterias de íon-lítio que impulsionam esses automóveis são fabricadas em plantas industriais que utilizam energia verde, como é o caso aqui. Nossa fonte é limpa porque advém das hidroelétricas, de usinas solares, eólicas, de biomassa”, comenta Boris Feldman, engenheiro elétrico e especialista em carros, em vídeo transmitido em seu canal do YouTube, e divulgado em Incêndio, edição 511.

 

Mas, afinal, qual risco de inflamabilidade dos elétricos?

 

Em comparação aos veículos a combustão, os elétricos são considerados de menos risco para incêndios. É o que aponta estudo publicado pela Autoinsurance EZ,consultoria especializada em segurança de automóveis, e divulgado pelo Canaltech: os totalmente elétricos têm 100 vezes menos probabilidade de pegar fogo do que os tradicionais, ou seja, dentro de um conjunto de 1,4 milhão de incêndios registrados nos Estados Unidos em 2020, 15% foram em carros, mas apenas 0,02% no universo de elétricos.

Contudo, os incêndios provocados por uma falha em uma bateria elétrica são de difícil rescaldo, alerta Axel Hernborg, CEO da Tripplo, plataforma de descontos em viagens e aluguel de carros, também ao site: “Os elétricos pegam fogo com menos frequência do que os movidos a gasolina, mas a duração e a intensidade dos incêndios podem torná-los consideravelmente mais difíceis de apagar devido ao uso de baterias de íons de lítio. Essas baterias são notoriamente difíceis de mantê-las frias. Mesmo depois de parecerem desligadas por 24 horas, podem gerar calor suficiente para reacender”, arremata.

 

Medidas de segurança

 

Muito embora sejam mais seguros, como visto, os desafios em segurança demandam ainda mais atenção. Em especial, após ocorrências sérias como a de 26 de julho último, quando uma pessoa morreu e várias ficaram feridas depois que o navio cargueiro Freemantle Highway, com 2.857 carros a bordo, pegou fogo enquanto navegava pela costa norte da Holanda, o que levantou a questão da segurança de tais modelos de elétricos.

Em terras brasileiras, aponta a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), que, em 2021, foram registrados em torno de 283 mil incêndios, ou 12 ocorrências por hora. Desse total, mais de 17 mil aconteceram em carros. “Ainda temos uma frota pequena de modelos eletrificados, mas esse número vai crescer. Quando atingirmos 500 mil, um milhão de unidades, devemos estar preparados”, reforça Rogério Lin, superintendente do Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/CB-24), também à edição de Incêndio 511.

Lin destaca ainda importância da preparação conjunta essa nova realidade que desponta no mercado, o que inclui a necessidade da verificação dessas baterias, locais para recarregá-las, bem como a própria manutenção do veículo: “Com os anos, foram surgindo novas tecnologias, como as baterias de íons de lítio, que são mais eficientes no carregamento e na durabilidade e vida útil, mas que também criam potenciais riscos que devem ser mitigados e controlados não somente na sua origem, como também em casos onde são inevitáveis, como colisões de veículos que danificam as baterias, por exemplo”, frisa.

 

Bombeiros preparados

 

Do mesmo modo que se faz necessária pensar em toda a cadeia que gira em torno dos carros eletrificados, os Corpos de Bombeiros também precisam estar preparados para proceder em tais ocorrências. Segundo reportagem do UOL, autoridades norte-americanas estão cobrando os fabricantes para aumentar mecanismos de proteção aos condutores, passageiros e também a quem atua no resgate em tais veículos. “Os socorristas nos EUA são preparados para apagar qualquer tipo de incêndio, mas com carros elétricos tendem a ser mais perigosos devido aos produtos químicos que compõem as baterias. Estas podem apresentar o que é chamado de ‘fuga térmica’, quando entram em ciclo de superaquecimento e super pressurização, causando incêndios e às vezes até explosões”, destaca o texto.

Um exemplo bem-sucedido de treinamento para tal situação foi em Manhuaçu, MG, em outubro, quando 30 militares do Corpo de Bombeiros e socorristas do município, além das cidades de Caratinga e Ipanema, receberam capacitação para ocorrências em carros movidos a combustíveis alternativos (elétricos, híbridos), o que inclui choques elétricos, problemas de movimentação do veículo e, obviamente, os incêndios.

Quem instruiu os presentes foram os profissionais do segmento automobilístico, Tarcísio Vieira e Rafael Amorim: “Dos carros elétricos e híbridos, deve-se levar em conta a eletricidade, pois trabalham com baterias de alta tensão. E esse tipo de veículo é embarcado com muita tecnologia e dispositivos de segurança que desligam as baterias em caso de colisões, mas precisa-se ter toda cautela no socorro às vítimas na hora de acessar o carro, ao cortar a lataria, para evitar que corte um fio da bateria que esteja energizado”, salienta Amorim, ao Portal Caparaó.

Segundo o tenente Queiroz, comandante do 1º Pelotão da 2ª Companhia do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), tal conhecimento é muito importante para a evolução nesse trabalho. “São novas tecnologias que estão chegando e mesmo sendo poucos, veículos elétricos e híbridos já são uma realidade em nossa região. Saber como agir numa ocorrência envolvendo esse tipo de veículo é fundamental para que possamos realizar um salvamento com segurança para nós e às vítimas”, conclui o militar, ao mesmo portal.

Foto: Jade Naidoo/Unsplash/CC

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