Controle de fumaça em edificações – a importância da individualização dos projetos

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Para melhorar ainda mais o controle de segurança em edificações no âmbito de prevenção de incêndio, é preciso considerar inúmeras variáveis. Além de seguir todas as normas estabelecidas pelo Corpo de Bombeiros, o projeto deve considerar materiais de qualidade, planejamento inteligente e treinamento adequado dos profissionais da obra, inspeção e manutenção.

De acordo com o engenheiro civil Carlos Cotta,  que é também tenente-coronel da reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo e coordenador da Divisão Técnica de Engenharia de Incêndio do Instituto de Engenharia, falar do controle de fumaça em edificações não é algo inovador quanto ao conceito. “O assunto já é discutido nos países desenvolvidos, com inúmeras normas já publicadas. No entanto, aqui no Brasil, ainda está em fase inicial”, explica.

Cotta relembrou o trágico evento evitável da Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em que 242 pessoas foram vítimas de um incêndio e a maioria delas morreu por inalar gases tóxicos, e não propriamente por queimaduras. “Aquele foi um exemplo de uma sucessão de erros absurdos. Além da utilização de produtos não certificados, não havia sistema de controle de fumaça”.

De acordo com o engenheiro, por mais que haja esforço para elaboração de uma norma brasileira de controle de fumaça com a atuação conjunta do CB24 – Comitê Brasileiro de Segurança contra Incêndio e do CB55 – Comitê Brasileiro de Refrigeração, o problema em incidentes como este é muito mais complexo do que se imagina. “Infelizmente a gravidade  começa na aplicação de uma legislação estadual para diferentes tipos de edificações e diferentes arquiteturas.”, explica.

Cotta acrescenta que, apesar de ser importante uma regulamentação, é impossível aplicar a mesma legislação para todo o país. “Reforço isso porque a cada dia surge um estado lançando uma nova legislação que é cópia de outros estados da Federação. Nenhum estado ou município possui as mesmas características que seus vizinhos, seja no número de bombeiros, no tempo resposta destas corporações, na cultura prevencionista, na estrutura organizacional, na capacitação dos profissionais públicos ou privados”, aponta.

O que é fundamental em qualquer tipo de edificação é estabelecer rotas de fuga realmente acessíveis, o que não era o caso da Boate Kiss, com boa visibilidade da sinalização de orientação, facilitação nas operações de combate ao fogo pelas equipes de brigadistas e do corpo de bombeiros, escolher materiais que não favoreçam a propagação do fogo nas edificações e outras medidas.

Apesar de reconhecer que tais medidas são aplicáveis universalmente, Cotta considera que estas não são suficientes. “O projeto de cada edificação deve ser pensado de acordo com as suas particularidades. Com base nesta análise de riscos e projetos executivos elaborados por especialistas, é possível fornecer a medida ideal de solução de proteção contra incêndio para cada edificação, e não a simples régua do Estado, o qual coloca tudo em um mesmo “pacote” tabelado de soluções sem qualquer comprovação estatística. Por isso, somente quando houver profissionais especialistas suficientes no mercado, que elaborem projetos executivos com base na análise de riscos é que a situação caótica atual poderá ter chance de evoluir em prol da segurança à vida, propriedade e meio ambiente” conclui o engenheiro.

 

 

 

 

 

 

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