Como lidar com ocorrências de incêndios provocados por raios?

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O Brasil encabeça como país com a maior incidência de raios no planeta, chegando aos espantosos 70 milhões de descargas elétricas registradas por ano. Um raio tem mil vezes mais intensidade que um chuveiro elétrico, podendo chegar a mais de 30 mil Ampères, com potência capaz de percorrer 5 km de distância, o que pode causar grandes transtornos, de incêndios até mortes.

Osmar Pinto Junior, coordenador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), explica, em entrevista à Rádio Agência Brasil, que a localização do Brasil favorece a quantidade de descargas elétricas que recebe. “O motivo para incidirtantos raios se deve por ser o maior país tropical do planeta. E por ser uma região mais quente, está propensa a ter mais tempestades e, consequentemente, mais raios”, diz.

O Mato Grosso registrou nos últimos meses, temperaturas na casa dos 40 °C e com umidade relativa do ar abaixo de 20%, provocando grandes incêndios na vegetação seca do Pantanal, chegando a destruir ao menos 80 mil hectares, segundo reportagem do Jornal Hoje.

 

Prevenção aos raios

 

Os raios estão sendo o maior desafio aos bombeiros da região. Em novembro último, os parques Nacional do Pantanal e o Estadual Encontro das Águas sofreram com queimadas causadas por descargas elétricas atmosféricas.

“Está sendo muito comum, uma incidência muito grande de raios que está trazendo dificuldade, porque quando iniciamos o combate por uma área e de repente faz que vai chover e acaba não acontecendo. Aí, a chuva não foi suficiente para apagar aquele fogo que o raio provocou”, relata Ilvânio Martins, presidente da Fundação Ecotrópica, entidade objetivada na promoção de ações prol Pantanal, por meio de diálogo intersetorial para a conservação da biodiversidade e dos recursos naturais do bioma, também ao Jornal.

Ao site RD News, o coronel Alessandro Borges, do Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso argumenta que o forte calor, a umidade baixa e a grande quantidade de ventos dificultam a ação do combate direto nessa região. Outro agravante é o fogo subterrâneo. “Os focos de incêndio subterrâneo no Pantanal que é a maior dificuldade, aquele material orgânico que alaga, mas que na seca apodrece, solta muita fumaça e você quase não vê o fogo”, explica.

 

Solo pode contribuir para queima lenta

 

Também chamado de “fogo de turfa”, é um tipo de chama tem uma queima mais lenta e atinge uma camada abaixo do nível da superfície, e nem sempre é visível: “O processo de combate a esse tipo de incêndio é mais lento. Já que esse fogo não está na superfície, é um ‘fogo de turfa’, ou seja, ele está debaixo da terra. Isso dificulta cada vez mais o nosso trabalho”, esclarece à TV Verdes Mares, o coronel Cláudio Barreto, do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, cuja equipe recentemente combateu o incêndio no Parque Estadual do Cocó.

A turfa é um solo comum em áreas alagadas, como as observadas em zonas de Pantanal ou de mangue (caso do Parque Estadual do Cocó), formado pelo acúmulo de galhos, folhas e raízes tornando o terreno subterrâneo rico em matéria orgânica.

 

Raio Seco

 

Um dos desafios encontrados pelos bombeiros no combate a incêndios provocados por esse fenômeno natural é o chamado “raio seco”, um dos causadores das queimadas que ocorreram na Califórnia nos últimos anos.

O raio seco acontece quando há menos de 2,5 mm de água, ou seja, a parte inferior da atmosfera da Terra, denominada a troposfera, está tão seca que a chuva que normalmente vem com os raios evapora antes de cair.

Um estudo feito por Dmitri Kalashnikov, da Universidade Estadual de Washington, mostrou que alguns fatores podem desencadear essa condição, sendo a combinação de altas temperaturas e a secura terrestre, juntamente com a seca extrema na baixa troposfera e umidade e instabilidade na parte média da troposfera, proporcionando a queima da vegetação. “Entender a meteorologia dos raios secos na Califórnia é crucial para informar a previsão, ajudando a restringir melhor o risco futuro de ignição de incêndios florestais na região”, aponta Deepti Singh, co-autora do estudo.

“Os incêndios florestais são muito sorrateiros, porque um raio pode iniciar um incêndio, que pode permanecer em brasa por um dia, dois dias ou até mesmo uma semana ou mais até que as condições estejam adequadas para o incêndio se espalhar”, conclui o pesquisador Kalashnikov.

Foto: Bruno Kelly/Amazonia Real/WikimediaCommons/Reprodução

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