Câncer em bombeiros: o conceito de proteção do EPI a longo prazo

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Por Eduardo Moreira

Uma pesquisa realizada pela Rede de Apoio ao Câncer de Bombeiros, organização sem fins lucrativos situada nos Estados Unidos, apontou que o câncer foi responsável por duas em cada três mortes de bombeiros aposentados entre 2002 e 2019 – e que esses profissionais têm um risco 9% maior de serem diagnosticados e 14% maior de morrerem de câncer em relação à população geral.

Os dados reforçam um estudo de 2006 da Universidade de Cincinnati (EUA) publicado na Revista de Medicina Ocupacional e Ambiental. O levantamento analisou dados de 110 mil bombeiros e chegou à conclusão de que a exposição a substâncias químicas é uma ameaça à saúde desses profissionais, uma vez que a profissão leva a índices maiores de câncer em relação ao público geral.

A Agência Internacional para Pesquisa de Câncer tem uma lista com substâncias que potencialmente causam a doença. Levantamentos ao redor do mundo têm confirmado que os bombeiros são expostos a compostos que estão na lista, como benzeno, clorofórmio, formaldeído e fuligem. São substâncias inaladas ou absorvidas pela pele dos profissionais nos locais de incêndio.

A constatação dessa relação entre a doença e a atividade profissional nos leva a uma discussão bastante relevante atualmente nos Estados Unidos, mas ainda muito recente no Brasil: até que ponto os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) são capazes de garantir a proteção dos trabalhadores a longo prazo?

Um novo nível de preocupação

A preocupação primária de um bombeiro e de qualquer profissional que lida com riscos diários envolvendo fogo e chamas é, obviamente, a questão da segurança do ponto de vista de queimaduras, o que podemos chamar de um problema a “curtíssimo prazo”.

Atualmente, as tecnologias de proteção térmica chegaram a um nível tão avançado, aliado aos treinamentos intensivos dos agrupamentos, que se tornam incomuns a morte ou mesmo lesões graves de bombeiros por fogo, chamas ou calor. Levantamento da NFPA (Associação Nacional de Proteção contra o Fogo) sobre mortes de bombeiros nos Estados Unidos aponta que, em 2019, das 48 ocorrências fatais, 6 tiveram como causa “fogo ou explosão” (13%) e 1 “exposição ao calor” (2%). A maioria das mortes, 26, ocorreu por esforço “excessivo/estresse/médico” (54%). Causas como acidentes, atropelamentos e colapsos de estrutura também aparecem no levantamento.

Testes feitos com o Thermo-Man®, um dos mais avançados sistemas de avaliação de lesões por queimadura térmica do mundo, reforçam esse cenário. As fibras DuPont™ Nomex, utilizadas em EPIs de milhares de bombeiros no mundo, são efetivamente capazes de salvar a vida dos profissionais, elevando para 95% a chance de sobrevivência em situações de fogo e chamas.

Com uma proteção muito próxima do ideal, a ciência volta agora seu olhar para o conforto, a maleabilidade e o peso dos EPIs, mantendo o alto nível de segurança. E, também, para um novo patamar de preocupação: como esses equipamentos podem ajudar o trabalhador que lida com riscos térmicos a proteger-se de danos à saúde que só se revelarão anos depois.

Novas tecnologias

Um bombeiro que acaba de sair de um incêndio geralmente está com marcas escuras no rosto. Quando isso ocorre, é fácil perceber que esse profissional, mesmo usando capacete, balaclava e respirador, não ficou totalmente protegido de partículas de fuligem e outras substâncias potencialmente causadoras de câncer.

A cabeça e o pescoço são exatamente as partes mais sensíveis em relação aos riscos de câncer em bombeiros. Um estudo feito em 2019 pela Universidade de Rutgers (EUA) comparou a incidência média de câncer nessas áreas do corpo entre bombeiros, policiais e socorristas com aqueles que participaram dos resgates do World Trade Center, em 2001. O aumento foi de 40% neste último grupo.

A ciência já encontrou soluções para este desafio. A evolução de proteção contra o fogo levou a um novo patamar tecnológico, como o Nomex® Nanoflex, um material super-resistente a chamas, superfiltrante, respirável, flexível e, ao mesmo tempo, capaz de barrar aerossóis (partículas extremamente pequenas que flutuam no ar e podem atingir pele e pulmões).

Fluorescent Aerosol Screening Test

Não há dúvidas de que outras tecnologias vão surgir, para outros tipos de riscos, à medida que mais pesquisas mostrarem os efeitos a longo prazo das atividades profissionais para a saúde dos trabalhadores. A discussão sobre o papel dos EPIs além do risco instantâneo é uma grande tendência para esta década e deve estar em pauta por empresas e profissionais que se preocupam com a saúde, a segurança e a vida das pessoas.

Eduardo Moreira é especialista técnico DuPont Nomex® para América Latina.

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