Especialista orienta que ações preventivas devem ser estabelecidas para evitar tragédias como a do Hospital Badim (RJ), no ano passado
Em setembro do ano passado, um incêndio no Hospital Badim, no Rio de Janeiro, provocou 11 mortes de pacientes do CTI (Centro de Tratamento Intensivo) por asfixia, devido à inalação de fumaça. O próprio IML (Instituto Médico Legal) atestou que não havia queimaduras nos corpos das vítimas. Para João Godoi, bombeiro civil e Consultor Técnico Especialista em Análise de Riscos e Planejamento de Emergência, houve falha no treinamento dos funcionários do hospital.
Godoi lembra que a fumaça tomou conta de todo o hospital em oito minutos. “A NBR (Norma Técnica Brasileira) 16.651 que trata da proteção contra incêndios em estabelecimentos assistenciais de saúde e a NBR 15/2019 que estabelece Planos e Equipes de Emergências, têm como referência o tempo resposta que deve ser de 5 a 8 minutos para o início do combate”. Desta forma as ações iniciais de combate ao fogo deverão ser realizadas pela equipe de Brigada e Bombeiros Civis do próprio hospital. “A fumaça, comprovadamente, é o que mais mata nos incêndios. Então, o hospital precisa ter equipes treinadas e equipadas para uma resposta rápida ao menor sinal de fogo”, garante Godoi.
Outro cuidado é ter, segundo o especialista, uma análise detalhada dos riscos de um bom planejamento de emergência. “Os serviços de saúde pública ou privada possuem números significativos de pacientes e acompanhantes que pouco sabem sobre o empreendimento (sinalizações, rotas de fuga, alarmes de incêndios etc.), além dos acamados e dos setores críticos como centro cirúrgico, UTI/CTI, maternidade e psiquiatria”, diz Godoi. “Por isso, o abandono da edificação e o resgate de pacientes vão exigir um treinamento especifico por se tratar de um hospital”.
Medidas preventivas
Diante da complexidade no combate a incêndio em hospitais, Godoi destaca que a prevenção é fundamental para se evitar tragédias. “Considerando o alto risco aos ocupantes, a velocidade de propagação e a complexidade no gerenciamento nos incêndios em unidades de saúde, é preciso que o plano de emergência antecipe o risco e tome medidas para minimizar as ocorrências”, afirma. “A principal medida é executar o treinamento personalizado para profissionais de unidades de saúde que atenda na íntegra o plano de emergência desenvolvido por meio das análises de risco”.