Estado de São Paulo tem apenas 500 brigadistas com capacitação para combate a incêndios florestais

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Programas oferecem cursos gratuitos para bombeiros civis e sociedade em geral, mas número ainda está muito aquém do necessário

Um levantamento recente do Instituto Florestal, órgão do governo do Estado de São Paulo, indica que ainda existem mais de 5,6 milhões de hectares de cobertura vegetal nativa, ou 22,9% dos 24.820.900 hectares que compõem o território paulista. Embora seja bastante fragmentada, a área total é considerável. Mesmo assim, de acordo com o especialista em combate a incêndios florestais, João Godoi, o Estado possui um contingente pequeno de brigadistas civis com capacitação para ações preventivas e de combate ao fogo nessas áreas.

Atualmente, Godoi calcula que haja cerca de 500 brigadistas em todo território paulista, sendo que 300 estão na capital. “Por isso, atendemos todos os municípios de São Paulo, além de apoiar bombeiros de outros estados”, garante.

Godoi lembra que a capacitação de um brigadista para o combate a incêndios florestais não se resume a apagar fogo em locais com cobertura vegetal. “Entendo que o mais importante é o trabalho de prevenção. Verificamos se existem espaços com grande volume de vegetação seca, se há trabalhos religiosos com velas, orientamos na criação de aceiros, desbaste de terreno em volta de propriedades, matas e plantações para impedir propagação de incêndios, realizado antes e durante operações de prevenção de fogo em mato”.

Outro destaque do curso, segundo o especialista, é o resgate de animais que vivem nessas áreas. “Recentemente debelamos fogo em uma área de mata nativa em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, onde conseguimos evitar a morte de uma família de primatas”, lembra.

Treinamento gratuito

Godoi lembra que tanto o Instituto Florestal do Estado de São Paulo como a prefeitura paulista, através da Operação Fogo Zero, e o governo estadual, com a Operação Corta Fogo, realizam treinamentos gratuitos para capacitar brigadistas no combate a incêndios florestais.

Mesmo assim, ele garante que não ser suficiente. “Em 2019 eu mesmo formei 100 brigadistas, a maioria bombeiros civis e ainda há falta de gente. Neste ano, principalmente, temos um número maior de ocorrências e o pessoal tem trabalhado muito”.

Como a incidência maior de incêndios também ocorre nas cidades, Godoi afirma que o Corpo de Bombeiros geralmente não consegue atender chamadas em matas. “Eles focam no serviço urbano, sobrando para gente socorrer a área rural”.

Diante desta realidade, o especialista decidiu criar o grupo Guardiões da Floresta, que possui 50 membros ativos, sendo 80% de voluntários. “Formei esse grupo no WhatsApp e mantenho dois veículos e todo o equipamento que precisarão. Tudo com meu próprio dinheiro, pois não há recursos governamentais nem da iniciativa privada para isso”, garante Godoi.

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