Saiba os perigos provocados pela ignição espontânea
Os bombeiros, quando estão em uma ocorrência, precisam estar atentos não apenas em fazer o rescaldo de um incêndio e o salvamento de vítimas, mas entender a ciência do fogo para que esse combate seja preciso, célere e exitoso. Um dos fenômenos químicos que podem provocar chamas é o chamado combustão ou ignição espontânea.
Ele ocorre quando um material combustível entra em ignição sem a necessidade de uma fonte externa. Há uma lenta geração de calor, a partir da oxidação de materiais com propriedades que os tornam mais suscetíveis como compostos orgânicos, resíduos agrícolas, óleos e gorduras. “A oxidação ocorre quando esses materiais entram em contato com o oxigênio do ar e liberam calor gradualmente. Se as condições forem favoráveis, o calor gerado pode elevar a temperatura até o ponto de ignição, resultando em combustão espontânea”, informa artigo da Bucka Indústria, especializada em sistemas de combate a incêndios.
Para exemplificar, uma empresa de materiais recicláveis de Valinhos, SP, em 7 de janeiro, foi atingida por um incêndio e a Defesa Civil local suspeita que combinação de o forte calor naquele dia, que chegou aos 35° C, e itens propensos a combustão pode ter provocado a ignição espontânea. O material que pegou fogo é 90% metálico, bem como contava com outros itens, como o plástico.
Para o capitão Baccin, do Corpo de Bombeiros Militar de Campinas, só é possível que o sol e o calor provoquem incêndios ou focos caso haja, no local, material cujo ponto de fulgor seja abaixo da temperatura de 35° C. “Não sei se isso é possível a temperatura mencionada, com exposição de materiais sólidos como papéis, plásticos, madeiras, etc. Mais provável ocorrer se houver um efeito lupa ou se tinha algum outro material no local. O material metálico, aliás, é mais improvável ainda que provoque um incêndio. Só se esse material gerou um reflexo em algum outro, como o vidro, por exemplo”, pontua ao g1.
Ignição espontânea e o efeito rollover
Além dos efeitos backdraft (ignição explosiva) e flashover (ignição repentina de material combustível), outro fenômeno é o rollover, considerado também como uma ignição espontânea, mas tem como causa o acúmulo de gases inflamáveis.
Essa condição acontece quando os gases superaquecidos que não foram queimados sobem pelo teto ou para níveis superiores dos locais onde há incêndios. Não são os materiais que estão queimando e sim os gases inflamáveis emitidos por esses materiais. Ao atingirem o seu ponto de ignição, a temperatura no local aumenta rapidamente.
O tenente Ronny van Riel, comandante dos bombeiros de Kalmthout, cidade na Bélgica, explica, ao site da Teledyne FLIR, desenvolvedora de equipamentos para medição térmica, que para mitigar possíveis acidentes durante as ocorrências, a corporação é treinada para utilizar câmeras térmicas que auxiliam na percepção do comportamento do calor.
“Se entrarmos em uma estrutura e determinarmos que podemos ser confrontados com um Rollover, monitoramos a temperatura com a câmera termográfica enquanto tentamos esfriar a fumaça. Se exceder um determinado valor, sabemos que podemos ser confrontados com um flashover. Para não colocar a vida dos bombeiros em perigo, precisamos sair do local antes que um rollover aconteça”, finaliza.
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