Para chefe dos brigadistas na Chapada dos Veadeiros, pessoas despreparadas devem atuar na logística de apoio
Os incêndios que se multiplicaram pelo país durante o inverno deste ano, atingindo principalmente o Pantanal Matogrossense e a floresta Amazônica, levaram muitas comunidades a se mobilizarem para tentar conter o fogo. Um risco bastante grande, pois são pessoas sem treinamento e equipamentos específicos, os EPIs (Equipamento de Proteção Individual) utilizados por bombeiros e brigadistas.
O alerta é do chefe da Brigada de Incêndio de Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, Raphael Brigato, que esteve combatendo as chamas no Pantanal nas últimas semanas. “Cada incêndio é uma realidade e é necessário que os voluntários passem por um curso sobre técnicas de combate e contem com os equipamentos que evitarão ferimentos e intoxicação”.
Brigato explica que a intoxicação pela fumaça é apenas um dos problemas enfrentados. “São comuns queimaduras, torções e ferimentos por quedas, o que nos obriga a interromper o trabalho de combate ao fogo para socorrer a pessoa”.
Tanto a forma de combater as chamas como os equipamentos necessários variam conforme o bioma. No Cerrado, onde é localizada a Chapa dos Veadeiros, Brigato afirma que são necessárias botas especiais, calça antichama, gandola (jaqueta) antichama, luvas, balaclava antichama e óculos. “Também orientamos o uso de perneira, pois existe o risco de ataques de animais peçonhentos”, lembra. “Já em área de mata, o uso de capacete também é obrigatório”.
Outro fator importante é, segundo o brigadista, o condicionamento físico. “É um trabalho extenuante, que leva dias e exige demais das pessoas. Se não houver preparo físico também haverá o risco de contusões, além de provocar distração e aumentar o risco de acidentes”.
Para Brigato, que também integra o Prevfogo – Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do IBAMA, com atuação na educação, pesquisa, monitoramento, controle de queimadas, prevenção e combate aos incêndios florestais no país, os voluntários que não estejam devidamente equipados e não tenham treinamento têm uma função fundamental fora da linha de fogo. “Essas pessoas devem ficar na logística, atendendo feridos e organizando equipamentos, alimentação, para que os brigadistas se preocupem apenas em deter as chamas”.