“Salvando quem salva”: bombeiros também precisam dar atenção à saúde ocupacional
Comprometidos nos resgates nos mais complexos meios, muitas vezes os bombeiros também arriscam as próprias vidas, passando por acidentes que podem proporcionar desde afastamentos até mesmo lesões mais sérias. Dentre o rol de riscos em que esses trabalhadores estão expostos englobam o estresse térmico, ruído, agentes biológicos, agentes químicos, esforço físico no manuseio de cargas, bem como turnos prolongados, alta carga de estresse e Burnout, além de potencial problemas oncológicos, já que podem lidar com substâncias que possam acarretar tais condições, incluindo a própria fumaça de incêndios.
Para se ter uma ideia da dimensão do problema, estudo da Universidade Central de Lancashire, no Reino Unido, a pedido do sindicado dos brigadistas de incêndio, e divulgado no site do Jornal O Globo, mostrou que esses profissionais têm até seis vezes mais chances de morrer por algum tipo de câncer do que pessoas comuns. A variedade de riscos ocupacionais que esses funcionários da linha de frente enfrentam vão desde exposição a vapores até materiais tóxicos. “Precisamos de vigilância sanitária, monitoramento de exposições e legislações para garantir que os bombeiros afetados recebam a compensação que merecem. Vidas estão sendo perdidas e isso deve parar”, afirmou Riccardo La Torre, oficial do sindicado.
No Ceará, em 2022, 30% dos afastamentos de policiais militares e 11% dos policiais civis são por queixas em relação à saúde mental, aponta a Secretaria de Segurança Pública, em pesquisa publicada pelo Diário do Nordeste. Fazendo um recorte aos bombeiros, foram contabilizados 414 atendimentos, o que abrange sessões de terapia e atendimento psicológicos.
Saúde ocupacional dos bombeiros
A saúde ocupacional foi o mote debatido na quarta edição da Semana Salvando Salvadores, realizada pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Sergipe (CBMSE), em julho. O coronel do Corpo de Bombeiros do Estado da Bahia, Nelzito Oliveira, ressaltou no evento a importância de colocar como prioridade o cuidado com o profissional. “O bombeiro se submete a todos os tipos de riscos ocupacionais. É importante que se estabeleça uma gestão voltada para saúde e segurança do trabalho. Ele precisa ser considerado o elemento mais importante, então é preciso proteger a sua saúde física e mental. Essa política precisa ser institucionalizada, implementada nas unidades administrativas e operacionais”, frisou.
Outra dinâmica, esta promovida pelo Núcleo de Saúde Ocupacional da Secretaria da Segurança e Defesa Social da Paraíba em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do estado, realizou uma avaliação corporal por meio da bioimpedância. A técnica utiliza correntes elétricas de baixa intensidade para medir a quantidade de água, músculos e gordura no corpo de uma pessoa. Segundo informações do governo do PB, a avaliação permite dados precisos sobre composição corporal, o que proporciona uma orientação médica adequada para melhor qualidade de vida dos avaliados.
O foco da ação é também conscientizar a corporação da importância de uma alimentação saudável e fornecer informações sobre composição corporal. “Essa parceria permite que identifiquemos a saúde dos servidores administrativos e demais profissionais que atuam na segurança, fornecendo orientações individualizadas sobre nossa alimentação, auxiliando-nos na adoção de hábitos saudáveis e na melhoria de nossa qualidade de vida. Uma dieta equilibrada e adequada às nossas necessidades específicas nos proporciona energia, resistência e recuperação mais eficientes, contribuindo para a prevenção de lesões e o aumento da nossa capacidade de desempenho”, comenta o capitão Alessandro Amâncio, do CBMPB.
Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo