Pesquisa sobre serapilheira na Amazônia Mato-Grossense pode ajudar na preservação da floresta

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Everton Almeida, pesquisador da UFMT/Sinop (Divulgação)

Um exemplo do poder de transformação da floresta é a serapilheira. A camada de matéria orgânica morta ou em decomposição no solo parece estar ali por acaso, mas é fundamental para o reaproveitamento de nutrientes que a mantém viva. Em 2013, o pesquisador Everton Almeida, da UFMT/Sinop, encerrou um estudo em cinco áreas da região sul da floresta amazônica, entre elas a Fazenda São Nicolau, que determinou a influência de fatores ambientais e da ação humana sobre a produção deste material.

Os dados obtidos são relevantes para ações de combate e prevenção à incêndios na região.

Folhas, galhos finos, restos de flores, frutos e sementes, resíduos de animais e dejetos foram coletados na Fazenda, localizada em Cotriguaçu, e em três áreas, intactas e exploradas, no município de Cláudia e no Parque do Cristalino em Novo Mundo, todas no Norte de Mato Grosso.

Em artigo publicado na revista Acta Amazonica, o engenheiro florestal destaca a importância do estudo do ecossistema da zona de transição da Amazônia-Cerrado, no qual há escassez de informações e que, além disso, registra altos índices de desmatamento.

Como resultado, a pesquisa registrou um padrão de produção média de serapilheira superior às demais áreas de floresta na região amazônica, e também muito superior à produção em regiões de Cerrado.“Podemos entender esta maior produção como uma resposta da floresta a uma modificação nos padrões ambientais”, explica o pesquisador.

Nas regiões centrais da Amazônia, as condições ambientais são mais estáveis (principalmente no que diz respeito à disponibilidade de água) e isso pode induzir a uma maior longevidade das folhas, que não caem na mesma proporção que nas áreas de transição, locais onde a frequência das chuvas é menor, com longos meses de seca. “Nestas condições, as plantas podem desencadear uma perda de folhas mais acentuada, evitando a perda excessiva de água. Esta perda de folhas colabora para uma maior a produção de serapilheira”, afirma.

O entendimento dessa dinâmica da produção de serapilheira pode ser útil para a manutenção do bioma por meio de ações de controle e combate a incêndios florestais. Dado que a serapilheira queima facilmente, ela acaba se transformando em material combustível para ser carbonizado na floresta. “O ponto crucial é conhecer a quantidade de material combustível que está presente na área, pois isto refletirá no potencial de destruição e na velocidade de propagação de um incêndio”, esclarece Almeida.

O trabalho desenvolvido na Fazenda pelo pesquisador fez parte de sua dissertação de mestrado. Ele pretende dar seguimento ao estudo da produção de serapilheira, com foco na armazenagem de nutrientes pelo solo. “Como fui criado em área rural, me senti muito à vontade em Cotriguaçu, e espero poder continuar a desenvolver pesquisas em parceria com a fazenda São Nicolau. A infraestrutura e a logística disponibilizada pela fazenda contribui substancialmente para qualidade dos trabalhos de campo, isto sem falar na hospitalidade de todos, o que nos faz se sentir em casa”, ele afirma.

Fonte: Assessoria

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