Mulheres guaranis viram brigadistas para defender aldeia contra incêndios
“Não adianta só a gente falar que protege a floresta, tem que atuar.” Para a guarani Sonia Barbosa, da aldeia Tekoa Ytu, na região do Jaraguá, bairro da capital paulista, o melhor jeito de preservar o verde e garantir a sobrevivência de seu povo é sendo brigadista. Segundo a Prefeitura de São Paulo, vivem na região cerca de 616 indígenas.
Numa vigília constante contra o fogo, ela observa do Pico do Jaraguá, o ponto mais alto da cidade, se há focos de incêndio pela região, onde repousa uma das últimas vegetações remanescentes de Mata Atlântica em solo urbano. “Na mata em fogo, a gente entra sem saber como vai sair. São muitos os riscos pois estamos na linha de frente, mas é gratificante. Nosso pensamento é um só: o de acalmar o fogo. É como se a gente chegasse na queimada e falasse pro fogo: ‘calma, a gente vai te acalmar’, como um psicólogo. É com essa sabedoria que temos da natureza que combatemos o fogo”, relata a guarani.
Brigadistas em falta
Embora ainda sejam minoria entre os brigadistas, as mulheres são um importante reforço no combate às queimadas em território indígena. Para se ter ideia, segundo a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), o número de brigadas indígenas é insuficiente no país. A equivalência é de um brigadista para 224 quilômetros quadrados de área. Além disso, a atuação dos grupos é precarizada por limitações operacionais, materiais e financeiras. Na Terra Indígena (TI) do Jaraguá, faltam, por exemplo, veículos adequados e binóculos de maior alcance para garantir um combate eficiente ao fogo.
A guarani foi capacitada pelo programa Corta-Fogo, do governo de São Paulo, que é voltado à prevenção e combate a incêndios florestais.
Fonte: Repórter Brasil