Medidas preventivas contra incêndios em regiões rurais devem ser contínuas, endossam bombeiros
Estamos próximos de períodos mais secos e podemos afirmar que várias regiões no Brasil sofreram com os incêndios, especialmente nas propriedades rurais. Segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, por exemplo, 3.837 propriedades foram atingidas pelo fogo, em 144 municípios, ou 22,3% do total de municípios do Estado, isso somente em 2024.
Já os prejuízos aos produtores chegaram a R$ 2,8 bilhões no período, em áreas que envolvem bovinocultura de corte e leite, cana-de-açúcar, fruticultura, extração de látex e apicultura. “É um assunto complexo, que envolve uma grande variedade de aspectos e possibilidades de ações. Por isso é fundamental aglutinar conhecimentos e esforços”, diz José Luiz Fontes, coordenador do Departamento de Sustentabilidade da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), ao Estadão.
Parcerias e promoção de cursos
Para sanar tal demanda, a Faesp está em parceria com governo estadual, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e os sindicatos rurais para articularem medidas preventivas, identificando necessidades técnicas e regulatórias, para um amplo fórum de discussão e planejamento sobre o assunto.
O Senar-SP, por exemplo, realiza os cursos de Legislação para Queimadas e Incêndios no Meio Rural, intitulado “Prevenção e Combate no Campo e Proteção e Combate a Incêndio – Norma Regulamentadora 23 (NR-23)”, em parceria com os sindicatos.
Ações pelo Brasil
Já em Mato Grosso, a Defesa Civil, órgão pertencente a Secretaria de Segurança Pública, Corpo de Bombeiros (CBMMT) e produtores rurais estão desenvolvendo projetos voltados ao fortalecimento tema, como a visita às propriedades rurais para levantar informações sobre recursos e equipamentos disponíveis que possam ser utilizados no enfrentamento de incêndios no entorno.
“As equipes dos bombeiros já visitaram 180 propriedades e estão compilando dados sobre os materiais e recursos que podem ser disponibilizados. A coleta de informações tem como objetivo a criação, pela Defesa Civil, de um mapa detalhado, permitindo um planejamento mais ágil e eficaz no momento de um sinistro”, explica Lais Cristine Santi Leite, coordenadora da Defesa Civil.
No Piauí, por sua vez, o Corpo de Bombeiros Militar (CBMPI) intensifica a divulgação de ações de conscientização, em especial entre os meses de setembro a dezembro, conhecido por “BR-Ó-BRÓ”. Em parceria com órgãos estaduais e municipais, os bombeiros promovem campanhas educativas, capacitação de brigadistas para evitar queimadas nas áreas rurais, com apoio da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e da Defesa Civil.
Contudo, isso não fica apenas na temporada mencionada, as medidas preventivas precisam estar presentes desde o início do ano, conforme salienta tenente Pedro Bento, do CBMPI: “A conscientização precisa ser contínua para minimizar os impactos dos incêndios, que se intensificam no segundo semestre. Se a população não adotar práticas responsáveis desde já, nossos contingentes, por mais experientes que sejam, dificilmente conseguirão atender a todas as demandas”, finaliza o militar.
Foto: Acervo CBMPI, 2024