Evolução tecnológica dos capacetes contra incêndio garante conforto e evita mortes de bombeiros
A história do Corpo de Bombeiros no Brasil surgiu em 1856, quando Dom Pedro II, então Imperador do Brasil, assinou um decreto de Serviço de Extinção de incêndio. Já nos anos 1880 surgiram capacetes feitos principalmente de cortiça, o melhor material disponível para isso na época. Alguns tinham revestimento em couro. Perto de 1900, os capacetes se tornaram muito bem ventilados: eram basicamente, uma faixa de couro ao redor da cabeça, com uma faixa de lã por cima. Hoje as cabeças dos bombeiros estão protegidas por equipamentos high tech, que além da segurança e do conforto também recebem e transmitem informações e são capazes de identificar um corpo humano em meio a fumaça preta de um incêndio no interior de um prédio.
“Os primeiros capacetes do Corpo de Bombeiros eram arcaicos e visavam proteger apenas de quedas de objetos”, lembra Cleiton Cunha Barbosa, gerente de Marketing do Segmento de Incêndio da MSA Safety Brasil. Tanto que eram conhecidos como quebra telhas devido a um uma espécie de crista rígida, feita de metal, que tinha no alto da cabeça. “Não havia estudo contra impacto ou a questão térmica. Servia apenas para impedir ferimento caso algum objeto caísse na cabeça”.
Entre as décadas de 1980 e 1990 surgiram, nos Estados Unidos e na França, a preocupação da segurança dos bombeiros com a queda de objetos como com as enormes variações térmicas que ocorrem no enfrentamento de um incêndio, como com o conforto. “Também se começou a procurar outras matérias primas, como os polímeros plásticos que, por serem injetados, possibilitam que todos os capacetes tenham o mesmo peso e a mesma espessura nas paredes”, explica Barbosa.
A partir daí a evolução foi constante. “Hoje, o capacete atende às exigências da ergonomia, o material usado permite maior dissipação de energia. Ou seja, garante um certo conforto aos bombeiros, principalmente quando são muito exigidos no combate às chamas, como ocorreu no incêndio da Alemoa, no Porto de Santos, quando tiveram que trabalhar sete dias direto para combater o fogo”, lembra.
Esse incêndio, ocorrido em abril de 2015, atingiu tanques de combustível de uma empresa no bairro Alemoa, em Santos , no litoral de São Paulo. A fumaça pode ser avistada de diversas cidades da Baixada Santista. Equipes do Corpo de Bombeiros de toda a região foram enviadas para o local. Por causa do incêndio, a entrada do Porto de Santos pela rodovia Anchieta precisou ser fechada.
Futuro conectado
Barbosa vê o capacete de Bombeiros no futuro mais integrado aos equipamentos autônomos que fazem a telemetria, oferecendo informações importantes como se houve impacto, se a pessoa ou o equipamento sofreram algum dano, qual a temperatura. “Haverá uma troca de informações importantes para a atuação do bombeiro, inclusive permitindo um monitoramento externo que com certeza irá salvar vidas, evitando o que vimos no incêndio do prédio da Secretaria de Segurança Pública em Porto Alegre, onde dois bombeiros desapareceram durante o combate ao incêndio e levaram dias para encontrar seus corpos”