Efeito backdraft: o que é e como proceder
A função do bombeiro não engloba apenas no salvamento de vidas e mitigar danos causados pelo fogo, mas também requer estratégias para lidar com situações adversas, como o chamado efeito backdraft, também conhecido como ignição explosiva.
Um caso recente ocorreu nem 12 de março, atingindo uma indústria química na cidade de Xanxerê, no Oeste Catarinense. Quando três bombeiros tentavam entrar na empresa em chamas, foram surpreendidos pelo efeito backdraft, uma explosão decorrente da entrada repentina de ar, num ambiente pouco ventilado, com gases aquecidos e fogo.
Segundo informações do Corpo de Bombeiros local, um dos bombeiros chegou a ser lançado a alguns metros de distância, mas não teve ferimentos, pois utilizava todos os equipamentos de proteção individual na ação e, não houve feridos no incêndio. Foram necessários 100 mil litros de água para controlar as chamas e em razão da presença de produtos químicos, a Defesa Civil emitiu local alerta para a emissão de fumaça altamente tóxica e recomendou aos moradores do município que mantivessem as janelas fechadas.
Mas o que é este efeito?
O Backdraft acontece em geral em ambientes com incêndios internos, um quarto fechado e com janelas obstruídas, por exemplo, nos quais acumulam os gases combustíveis e a fumaça, mas sem a necessidade de agentes aceleradores, como, álcool, gasolina ou outros materiais combustíveis para causar tal fenômeno.
Por estar confinado, o efeito pode surgir com pouco tempo de queima, não sendo necessários longos períodos de fogo, contudo, há ocasiões em que uma queima mais prolongada produzirá mais calor, pressão e vapores combustíveis, ampliando a violência do evento.
Outro efeito que pode acontecer é o Flashover. Considerado o tipo mais comum de comportamento do fogo, ocorre com o ambiente fechado com pouco oxigênio, calor e carga para se queimar, ou seja, a queima é lenta. Quando esse local é aberto, há a entrada de mais oxigênio, provocando uma explosão.
Treinamento
Como o caso em Santa Catarina, a capacitação dos militares atuantes no Corpo de Bombeiros, além do uso de equipamentos adequados são importantes para enfrentamento desses efeitos em ocorrências de chamas.
Para exemplificar, profissionais do 8º Batalhão de Bombeiro Militar,em Laguna, SC, participaram de treinamento de combate ao incêndio estrutural, atualizando métodos e comportamento do fogo em incêndios confinados, com foco em incêndios que são limitados pela ventilação, na ocasião foi feita uma simulação em um container.
Um dos participantes do treinamento, Cb BM Silva, destacou a necessidade de estudos constantes para atender com eficiência as ocorrências que envolvem incêndio. “Nunca tinha vivenciado esses fenômenos na prática e sim apenas compreendido conceitos muitas vezes ultrapassados”, relatou.
Já para a comunidade, em caso de se deparar com tais situações, é preciso seguir as orientações do Corpo de Bombeiros. “É muito perigoso. Em um local de incêndio, há pouca oferta de oxigênio e o perigo quando alguém resolve abrir ou arrombar a porta de um apartamento em chamas é que, ao abrir, ele pode queimar mais, e o efeito Flashover (ignição súbita generalizada) acontecer, ou ainda o Backdraft, que é uma onda de choque que pode arremessar pessoa na parede. Esses efeitos matam. Por isso, não orientamos enfrentar as chamas. Já vi pessoas que fizeram isso, saindo do local andando normalmente e morrendo dois dias depois por causa da fumaça inalada”, alerta major Maurício, assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo.
Foto: Defesa Civil//ND