Brigadas de incêndio treinadas e medidas eficazes reduzem os focos de perigo em hospitais

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Um incêndio atingiu o Hospital Independência, RS, na noite de 11 dezembro último, e fizeram com que os pacientes tivessem que aguardar em macas na calçada. Na manhã seguinte, mais um foco foi descoberto e mobilizou rapidamente a brigada de incêndio do estabelecimento, que apagou as chamas em poucos minutos. “Nos dois casos, o incêndio começou no prédio anexo ao principal, que abriga as unidades para pacientes em pré e pós-operatório e não houve feridos”, informa o g1.

Eis um bom exemplo da importância de um estabelecimento de saúde implantar uma Brigada de Incêndio Hospitalar, ponto importante para combater os primeiros focos de fogo e mitigar possíveis acidentes ou pânico antes da chegada dos bombeiros.

 

Focos de perigo

 

Contudo, o Brasil amarga um aumento de notícias de incêndios em hospitais e que os tornam grandes focos de perigo, com crescimento em 16,9% em 2023, aponta levantamento do Instituto Sprinkler Brasil (ISB), organização sem fins lucrativos que tem como missão difundir o uso de sprinklers nos sistemas de prevenção e combate a incêndios em instalações industriais e comerciais no País.

Segundo o estudo, que fez o monitoramento diário de notícias de incêndios no Brasil, foram rastreadas 49 ocorrências ano passado, frente a 42 notícias mensuradas em 2022. “Esses incêndios são muito graves porque, diferentemente de outros tipos de ocupação, não se pode movimentar os pacientes verticalmente, no máximo deslocá-los em um mesmo pavimento. O que observamos são pacientes levados em macas para a rua, correndo riscos. Isso não seria necessário se os hospitais tivessem áreas adequadas de resguardo em todos os pavimentos”, alerta Marcelo Lima, consultor do ISB.

Márcia Rodriguez, farmacêutica hospitalar, concorda, destacando que a vulnerabilidade dos atores envolvidos, ou seja, os pacientes, é grande, bem como outros elementos dentro do ambiente hospitalar que sensíveis a propagação de chamas, como o manuseio constante de gases e substâncias inflamáveis (cilindros de oxigênio e de ar comprimido), e equipamentos de alta tensão (tomógrafos, raios-X): “Sem contar que o fornecimento de energia em setores essenciais não pode ser interrompido, mesmo na vigência de um incêndio. Unidades de Terapia Intensiva e Centros Cirúrgicos necessitam de fornecimento de eletricidade ininterrupto e seus pacientes não podem ser facilmente realocados”, frisa a gestora.

 

Procedimentos

 

Para montar uma brigada de incêndio hospitalar e evitar esse foco de perigo, além do aval do Corpo de Bombeiros Militar local, lembrando que as normativas de aplicabilidade são estaduais, se faz necessária a contratação de um bombeiro civil habilitado, bem como a adesão voluntária dos colaboradores para que sejam capacitados e treinados para as mais diversas ocorrências que envolvem tais sinistros. Vale ressaltar que esse treinamento vai além do time envolvido, já que todos os funcionários dentro do estabelecimento de saúde devem estar preparados.

Elaborar um Plano de Atendimento de Emergências, verificar as condições de equipamentos, sinalização, rotas de fuga são alguns dos pontos a serem estudados durante a implantação de uma brigada. Renato Liz, coordenador substituto da Brigada de Incêndio do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF/EBSERH), composta por 105 membros, reflete que utilização do plano possibilita intervenções rápidas e eficazes, com objetivo de proteger a edificação, os equipamentos, a continuidade dos serviços e, em primeiro lugar, a vida humana. “Esses procedimentos definem ações pré-definidas de combate emergências, como é a forma de comunicação, como vão ser retiradas as pessoas do local, qual é a rota de fuga. O Plano norteia a ação da Brigada”, explica.

A legislação de São Paulo para o combate a incêndios e pânico nessas edificações é considerada uma das mais avançadas e serve de modelo para grande parte do Brasil, destaca Marcelo Lima, do ISB. “O estado exige a instalação de sistemas de incêndio, mas não faz qualquer exigência quanto ao nível de qualidade dos equipamentos. Não há certificação, exceto para extintores. Com isso, temos sistemas instalados por todo o Brasil que atendem plenamente à legislação, mas que provavelmente não funcionarão e isso só será descoberto no pior momento, durante uma ocorrência de incêndio”, salienta.

 

Na prática

 

Em uma ação inédita e que previne esse foco de perigo na área da saúde, as 25 unidades da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) passam a ter brigada contra incêndio e pânico. A aquisição, feita por meio de contrato assinado em outubro último, tem vigência de 12 meses, prorrogada por até cinco anos, informa a Agência Brasília.

Cada uma das unidades conta com brigadistas e bombeiros civis, além de um robusto Plano de Prevenção Contra Incêndio e Pânico (PPCI) e está sob responsabilidade das pessoas contratadas o gerenciamento e a coordenação das dinâmicas e controle caso haja acidente, tudo em prol da população fixa e transitória das instituições de saúde atendidas. “Hoje podemos contar com a elaboração do plano de prevenção e combate a situações emergenciais, capaz de melhorar tanto a segurança quanto o conforto de pacientes e profissionais”, comemora Leonídio Neto, subsecretário de Infraestrutura em Saúde do DF (Sinfra).

Fotos: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF

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