Gestão e tecnologia são fundamentais para melhorar a qualidade do reflorestamento de áreas degradadas
Com mais de dois milhões de mudas plantadas desde sua fundação, o Grupo PlantVerd iniciou suas atividades em 2013, em parceria com o IBF – Instituto Brasileiro de Florestas. De lá para cá, a empresa tem investido em serviços ambientais para recuperar a vegetação de áreas degradadas que cobrem desde taludes (terrenos em declive) numa rodovia até o reflorestamento com espécies arbóreas nativas. Entre os clientes atendidos estão construtoras, usinas hidrelétricas, concessionárias de rodovias, ferrovias e portos.
Segundo Antônio Borges, CEO da PlantVerde, o reflorestamento é relativamente novo no Brasil, em se tratando de organização das atividades do setor, onde tecnologia e gestão são fundamentais para melhorar a qualidade do reflorestamento de áreas degradadas. “A maior dificuldade das empresas é a falta de previsibilidade. Imagine ser contratado para plantar 500 hectares e, no ano seguinte, ter uma demanda de mais mil hectares”, alerta.
Ele não tem dúvidas de que a falta de planejamento adequado é uma grande barreira na evolução do setor, pois quem fornece as mudas de plantas não está preparado para o crescimento da demanda. Ele explica que a legislação ambiental determina como fazer o planejamento do plantio para ter mudas suficientes, incluindo os equipamentos corretos e a escolha da área, dentre outras etapas envolvidas no processo.
“Identificamos que existem avanços em algumas tecnologias de mecanização, por exemplo, todavia falta estrutura adequada para otimizar o trabalho. Depois do serviço feito, o desafio é garantir que aquele pedaço de terra vai virar uma floresta. É necessário realizar uma série de manutenções no período de dois a três anos”, afirma.
Em relação às tecnologias em equipamentos para detecção e combate a incêndios florestais, a PlantVerd utiliza aplicativos que indicam a temperatura do solo, o grau de umidade e outros dados que, combinados, permitem saber se determinada área tem maior ou menor risco de pegar fogo. “Muito do que eu conheço está relacionado aos aplicativos que medem o foco de calor, o que já é extremamente positivo para a preservação florestal, seja para fins conservacionistas como para exploração”, diz Borges.
Na avaliação do executivo, os desafios nestas situações é saber quais os esforços serão direcionados e a estrutura efetiva para combater os incêndios. “Nós temos acesso a um grande volume de informações e, na prática, é preciso também criar uma estrutura no local suscetível a pegar fogo para usar a tecnologia disponível”.
O uso de drone ou veículo não tripulado tem ajudado as empresas que atuam no mercado, principalmente em áreas remotas que são de difícil acesso. A grande discussão, segundo o executivo, está mais no sentido de qual escala que isso vai ter. “Quando o reflorestamento é para fins comerciais, a empresa que vai executar sabe quanto vai gastar. Agora, se estamos falando de conservação da área, quem vai fazer esse investimento, qual o valor será gasto? Então, são esses fatores que devem ser levados em conta”.
Por isso, o executivo defende o maior engajamento da iniciativa privada nas questões ambientais, principalmente para atingir as metas de reflorestamento que foram reafirmadas na COP-26. Neste sentido, o grupo tem entre seus parceiros o Itra – Instituto de Tecnologia em Recuperação de Áreas Degradadas, o Yunus – banco internacional de investimento voltado para empresas que atuam nesse mercado, e a TRÊ Investindo com Causa.
Com o objetivo de atender outros perfis de clientes, a empresa criou o serviço “Ativo Verde”, em que os empreendedores públicos e privados podem contratar projetos prontos ou em implantação e, assim, cumprir com a legislação ambiental.
De acordo com a PlantVerde, este modelo de contratação irá conferir maior segurança ao empreendedor, evitando o risco inerente às etapas iniciais da recomposição vegetal nativa – problemas na execução, incêndio, demora no processo de recuperação da área etc, assim como riscos inerentes a terceirização dos serviços – passivo trabalhista, incapacidade técnica e/ou financeira da contratada.
Reflorestamento da Nova Tamoios
Dentre os inúmeros projetos realizados pelo Grupo PlantVerd, destaca-se o reflorestamento da Nova Tamoios, no trecho que liga a região do Vale do Paraíba ao litoral Norte. Ao todo, foram plantadas 832 mil mudas de árvores de 290 espécies da flora nativa da Mata Atlântica, um dos maiores projetos de restauração florestal para recuperação de áreas degradadas já feitas no estado de São Paulo.
“O mais interessante do projeto foi o quanto ele passou por situações diferentes, desde uma área no Paúba – Maresias, morro que dividem as praias, em que encontramos o solo fraco e com muita pedra; até áreas alagadas no município de Caraguatatuba com mortalidade de algumas espécies de plantas. Também realizamos o plantio no Parque Estadual Serra do Mar numa altitude muito diferente de outras áreas”, revela Borges.
Durante a execução do projeto, a empresa reuniu um efetivo de 65 trabalhadores rurais, com 30% a 35% composto por egressos do sistema prisional. “Foi uma oportunidade bacana para essas pessoas serem novamente integradas ao convívio social e também uma experiência positiva para todos os envolvidos. Até hoje mantemos uma turma de trabalhadores de Caraguatatuba”.