Como funciona o sistema de monitoramento de queimadas no País
O inverno é tradicionalmente uma das épocas do ano com maiores índices de incêndios no País. O ar seco estimula a proliferação do fogo e prejudica ainda mais a situação de áreas verdes que já sofrem com as queimadas na lavoura e o fogo criminoso, que facilita o desmatamento.
Como será então o trabalho de monitoramento das faixas de queimadas realizado pelos institutos de vigilância neste período do ano? O trabalho começa com a análise das imagens geradas por diversos satélites.
A diferença entre os satélites que focam queimadas e outros de monitoramento visual é o tipo de imagem que eles geram: os usados em queimadas visualizam comprimentos de onda que não são visíveis a olho nu, mas mostram a temperatura a que uma determinada área está exposta.
Por isso, esses satélites não precisam de uma resolução de imagens tão próxima da Terra para perceber que um lugar está muito quente. Um dos satélites, por exemplo, apresenta imagens de uma área de 375 metros quadrados por cada pixel, como explica o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Alberto Setzer.
O mecanismo trabalha com a detecção de áreas de calor dentro desse pedaço da imagem produzida. “Ele mostra que há uma queimada ali. Não sei se é uma queimada de 50 ou 100 metros, mas tenho certeza que tem uma fonte de calor ali”, explica.
Atualmente, oito os satélites são usados pelo instituto para fazer o monitoramento das áreas atingidas pelo fogo. Destes, dois são geoestacionários – ou seja, mantém uma velocidade de órbita em relação à Terra que os permite ficar acima de um ponto continuamente. Os outros seis são satélites orbitais, que ficam mais próximos do planeta .
Entenda como funciona
O satélite Aqua, por exemplo, tem uma resolução de 1 km² de visualização por pixel de imagem. Atualmente, a espaçonave funciona como uma espécie de satélite principal. Isso porque a órbita dele é a mais constante entre os satélites usados no monitoramento.
“Ele faz uma volta na Terra a cada 90 minutos. Acima do País, o Aqua passa às 2h30 e às 14h30 a uma altitude de 830 km”, afirma Setzer, que também atua como coordenador do monitoramento de queimadas do Inpe.
Durante a passagem, os satélites vão se comunicando por meio de ondas de rádio – tanto entre si, quanto com antenas em pontos localizados em algumas centenas de bases no solo. Se for um satélite orbital, essa passagem pode demorar até 12 minutos para cruzar o território nacional.
Imagens termais
Após a captação, o Inpe junta e processa as cerca de 200 imagens diárias produzidas pelos equipamentos. Dentro desse processo, são descartados faixas com temperatura menor que 60ºC, explica o especialista.
Quem usa
O Inpe tem uma base de três mil cadastros para receber informações sobre queimadas. As informações disponibilizadas são usadas por instituições federais como o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Isso porque, como explica Setzer, as queimadas são a segunda causa de apagões de energia, porque o fogo, perto de fios de alta tensão, “muda a condutividade energética do ar”.
Outro órgão que utiliza os dados em tempo real é a polícia ambiental de São Paulo. Com o foco demonstrado, eles o usam “para multar o pessoal que está queimando”, indica Setzer. Além deles, organizações não governamentais de monitoramento ambiental e até mesmo a Funai usam os dados para manter um controle de dados sobre suas áreas de influência.
Para mais informações, acesse o site do Inpe de monitoramento de queimadas.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Inpe