Fórum no Paraná aborda desafios para melhorar a cultura preventiva contra incêndios

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O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná promoveu juntamente com o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) o 2º Fórum do Comitê de Estudos Temáticos da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros do Crea-PR, em Curitiba. O evento, ocorrido em dezembro, teve como mote a difusão da cultura preventiva e as normas relativas à prevenção contra incêndio ao público especializado, com seis palestras e debates.

As técnicas de simulação computacional de incêndio e fuga, dinâmica do fogo e resistência de materiais ao calor, para a prevenção, combate e investigação (perícia) de incêndios foi a temática da primeira palestra, com o coronel Dr George Cajaty Barbos, do Quadro complementar do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, chefe da Assessoria Técnico-Administrativa do Gabinete do Comandante-Geral e presidente da comissão A3P do CBMDF.

 

Cultura preventiva

 

Para o militar, não basta um aparato de alta tecnologia na prevenção de tais ocorrências, também são necessárias a capacitação de pessoas e a prática da resiliência por parte da corporação na execução plena para que esses fatos não gerem vítimas mais graves. “Além das ferramentas e todo o sistema de segurança, é preciso a educação das pessoas, a orientação de como agir. É preciso uma mudança inclusive cultural sobre esse assunto no Brasil”, frisou.

Braga destacou ainda que os equipamentos de segurança, como a instalação de hidrantes e extintores, não podem se restringir a somente os locais de grande circulação de pessoas, como estabelecimentos comerciais e indústrias, mas também itens mais simples como um detector de fumaça podem estar presentes nas residências. “Nunca é demais se proteger”, reforçou em sua fala.

 

Boate Kiss

 

A tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria, RS, completa 11 anos em 27 de janeiro, resultando no óbito de 242 pessoas, 636 feridos, várias vidas afetadas e, principalmente, escancarou a fragilidade nos critérios de segurança em casas noturnas, o que exigiu uma resposta célere dos legisladores.

O assunto não foi desprezado no evento, sendo tema da palestra “Incêndio da Boate Kiss: Além do objeto causador e do primeiro combustível”, proferida pelo tenente coronel Rodrigo Almeida Freitas, do CBMDF, que atualmente é assessor especial na Subsecretaria de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do DF.

O militar cursa Doutoramento na Universidade de Coimbra (Portugal) em Segurança aos Incêndios, e sua tese é um estudo detalhado sobre as causas e a evolução do incêndio na Kiss e apresentou ao público do fórum como a celeridade do comportamento do fogo e as condições e erros de segurança do estabelecimento em Santa Maria foram preponderantes para a dimensão trágica dessa ocorrência: “O fogo vai em direção ao oxigênio e a fumaça para as saídas, e justamente estes locais na Boate eram somente nas saídas de emergência e principal, por onde as pessoas teriam que sair”, disse.

O caso de repercussão mundial culminou na Lei Kiss Federal 14.325/2017, que institucionalizou normas já existentes para medidas de prevenção e combate a incêndio e a desastres em estabelecimentos, edificações e áreas de reunião de público, passando a responsabilidade ao estado pelas legislações estaduais, e aos municípios para alguns casos específicos. Já o Paraná conta com a Lei Kiss Estadual 19.449/2018.

 

Importância da Legislação

 

O fomento e execução de legislações de segurança contra incêndios foi destaque na apresentação de Ângela Gaio Graeff, engenheira civil, coordenadora do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança contra Incêndio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, do Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (LEME) e do Grupo de Pesquisa FireInvestigation, ResearchandInnovation (FIRE).

A professora traçou panorama histórico das leis federais e estaduais do tema, desde a década de 70 até os dias atuais. Tudo se iniciou, ela esclareceu, 70 anos atrás, com a criação do Instituto de Resseguro do Brasil, que tratava mais da segurança patrimonial até que uma série de eventos graves surgiram como os incêndios dos Edifícios Joelma e Andraus, ambos em São Paulo, sinalizando a importância de uma normativa para a implantação de saídas de incêndio nas edificações.“Quando eu era pequena, lembro que meu pai não usava cinto de segurança e nem eu andava na cadeirinha. Hoje, essa atitude é inconcebível e é por isso que a legislação é importante”, ilustrou, ressaltando que uma legislação robusta e cumprida assegura vidas.

O fórum presencial também foi transmitido pelo canal do Youtube do IEP e a íntegra pode ser acessada neste link.

Foto: divulgação

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