Brigada voluntária: uma entrega que salva vidas
Em um princípio de incêndio, toda a atenção é necessária e a capacitação e qualificação de pessoas em entender e fazer os primeiros socorros se crucial para salvar vidas. E um elemento importante para isso é a formação de uma brigada de incêndio, que em seu núcleo estão pessoas que voluntariamente se prepararam para ajudar.
Um dos regramentos a seguir quando se pensa em formação de brigadas é a Norma Regulamentadora número 23 (NR-23), que elenca as exigências para a implantação de uma brigada de incêndio. A Anvisa, por exemplo, conta com um manual com recomendações aos estabelecimentos de Saúde. No documento, cita-se que sejam estabelecidos critérios formais para seleção dos integrantes da brigada e que o treinamento precisa ser de 16 horas totais e 8 horas práticas, conforme o Anexo A da ABNT NBR 14.276: “Deve ser estabelecido um organograma da Brigada de Incêndio estabelecendo uma estrutura hierárquica de comando em situações de emergência, sendo caracterizado pela existência de um líder, um sublíder, chefes de equipes e brigadistas de incêndio subdivididos em equipes de ação específica”.
No Brasil e pelo mundo
Segundo o blog da consultoria Resgate Brasília, pelo mundo, a cultura do brigadista voluntário está arraigada em diversos países. Em Portugal, estima-se que 90% dos 30.000 bombeiros portugueses são voluntários e as associações voltadas para a prática datem 650 anos. Os voluntários estão espalhados por praticamente todas as cidades e municípios portugueses, sendo responsáveis pela grande maioria das operações de socorro no país.
Já nos Estados Unidos, serviço de bombeiros é totalmente civil, basicamente municipal, sendo profissional ou voluntário, que compreende 70% dos bombeiros nos EUA que somam 1.103.300 pessoas. Do total de 30.125 estações de incêndio do país, 20.480 são voluntárias. As situações de emergências atendidas são variadas e complexas, que vão desde focos de fogo até ataques terroristas, desastres naturais e HAZMAT, sigla para casos de emergências químicas.A cada 24 segundos, um Corpo de Bombeiros Voluntários Americano responde a um incêndio em algum lugar dosEUA.
Já no Brasil, o serviço de bombeiros é realizado por meio de Corpos de Bombeiros Militares ligados ou não às respectivas polícias militares dos estados ou do Distrito Federal e apenas 14% dos 5.570 municípios têm Corpos de Bombeiros Militares. No caso de voluntários, em São Paulo, por exemplo, de São Paulo possuir a melhor legislação de prevenção de incêndios do país e de seus bombeiros estarem constantemente entre os melhores, é um estado com poucas unidades de Bombeiro Civil Profissional ou Voluntário. As associações do Sistema GBCV (Grupamento de Bombeiros Civis Voluntários), criado em 2012, representam a maior parte das unidades oficialmente instaladas para serviço de Bombeiros Civis Voluntários.
Projeto pioneiro em Santa Catarina
“O que nos motiva a sermos bombeiros é a vontade e o serviço. Nenhum pagamento vai recompensar a gratidão das pessoas”, conta à AFP José Antonio Sepúlveda, engenheiro comercial chileno que atua como bombeiro voluntário. Ele e mais de 3 mil pessoas se voluntariam para conter as chamas que se espalharam em cidades do Chile e no salvamento de vítimas, no mês de fevereiro.
Esse é apenas um exemplo da força que as brigadas voluntárias fazem em prol do salvamento de vidas. E para isso, capacitação é fundamental. Um pioneiro nessa formação de brigadistas está em Joinville, Santa Catarina, que desde 1982 presta serviços gratuitos à comunidade no combate a incêndio, atendimento pré-hospitalar, resgate veicular, na montanha, aquático, vertical e em estruturas colapsadas. É formado por 1.700 pessoas entre bombeiros mirins, voluntários, efetivos, brigadistas e pessoal de apoio, filiado à ABVESC (Associação dos Bombeiros Voluntários no Estado de Santa Catarina), entidade essa criada em 1994 e que conta em seu quadro com mais de 3.500 integrantes. Uma das normas seguidas é a Instrução Normativa IN 028/DAT/CBMSC, que tem como objetivo estabelecer e padronizar critérios mínimos de exigências para dimensionamento, implantação de Brigada de Incêndio nos imóveis analisados e fiscalizados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado do estado (CBMSC).
Durante a comemoração dos 52 anos de fundação dos Bombeiros Voluntários de Caçador, SC, em fevereiro, Ivan Frederico Hudler, presidente da ABVESC, reafirmou a importância e contribuição à comunidade do brigadista voluntário. “Somos profissionais com elevado desempenho técnico. A atividade proporciona que cada um dos nossos bombeiros cresça como pessoa, em valores, desprendimento de interesses pessoais. São exemplos para as novas gerações e para a sociedade”.
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