Produto usado no combate a incêndios florestais gera polêmicas
A complexidade dos incêndios florestais que estão assolando diversas cidades pelo Brasil está levando os profissionais que lidam com essas ocorrências a buscar táticas, técnicas e alternativas para combater de maneira célere e eficiente, o que engloba salvaguardar a flora e fauna locais.
E o trabalho é intenso: até 30 de setembro, esses incêndios no Brasil afetaram diretamente 18,9 milhões de pessoas e provocaram mais de R$ 2 bilhões em prejuízos econômicos, segundo relatório divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), no início de outubro.
“Precisamos adotar medidas estruturantes para o enfrentamento de desastres no Brasil. E isso passa por uma ação federativa. Agosto e setembro foram dois meses muito difíceis para quase 19 milhões de pessoas que foram diretamente impactadas em quase todos os Estados do país. Precisamos considerar os problemas decorrentes dessa situação, especialmente para a saúde dessa população”, alerta Paulo Ziulkoski,presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, ao site Metrópoles.
Retardante de chamas
Um dos métodos utilizados nos incêndios no pantanal é o chamado “retardante de chamas”, que tem esse nome por se referir a uma classe de produtos químicos pela sua função, e não a um item específico, conforme destaca a Associação Brasileira da Indústria de Retardantes de Chama (Abichama).
Os elementos químicos mais presentes do produto, que é misturado com água, com mais de 200 tipos diferentes mais utilizados, estão o bromo, cloro, fósforo, nitrogênio e hidróxidos metálicos. No Pantanal, em Corumbá, MS, o retardante foi lançado por aviões da Força Aérea Brasileira, chegando a 12 mil litros de água cada um, por 35 minutos.
“São substâncias capazes de atrasar a ignição, diminuir a velocidade da queima e minimizar a emissão de fumaça nos locais onde são aplicados. Normalmente, são aplicados para reduzir o risco de fogo em polímeros, tornando a propagação do fogo mais lenta”, informa reportagem do Terra.
Vilão?
Muito embora tenha bons resultados, o retardante, que já foi usado em aviões que combateram os incêndios no Pantanal e Amazônia em 2020 durante o governo Jair Bolsonaro (PL), divide opiniões.
Segundo reportagem da CNN, o governo Lula não recomenda o uso, sendo a informação confirmada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que não está sendo usado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) eInstituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)nas regiões atingidas.
“Analisamos as opções existentes no mercado e estamos fazendo estudos toxicológicos. No Brasil, não existe tradição de uso dessas substâncias e algumas delas podem ser nocivas em ambientes sensíveis como o Pantanal. Estamos trabalhando para ter uma conclusão um pouco melhor sobre isso usando a ciência”, frisa Rodrigo Agostinho, o presidente do Ibama, à CNN.
Pelo mundo
Os EUA também estão enfrentando queimadas florestais, muitas delas também causadas pela ação humana. No Condado de Orange, ao sudoeste de Los Angeles, foram consumidos mais de 3.600 hectares, por conta de trabalhadores operando equipamentos pesados.
De acordo com reportagem do site MetSul, os bombeiros atuaram com o apoio da Guarda Nacional, contendo a propagação de chamas que avançavam por vegetação seca e não houve relatos de mortes ou feridos graves. “As equipes estavam trabalhando para proteger o Pico Santiago, conhecido por ter torres de transmissão, mas tiveram que se retirar da área porque as chamas ficaram muito intensas. Aviões despejaram retardante vermelho nas encostas de um bairro residencial enquanto helicópteros lançavam água nas chamas”, frisa o capitão Steve Concialdi, da Autoridade de Incêndios do Condado de Orange.
Foto: Vinícius Mendonça/Ibama