Monitoramento é recurso importante no combate a incêndios florestais

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Apenas nos dois primeiros meses de 2023, o bioma Amazônia concentrou 90% das áreas com queimadas. Ao todo, o perímetro atingido pelas chamas foi de 487 mil hectares, diz o informe de 13 de março, do Monitor do Fogo, iniciativa do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas), em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). No primeiro bimestre de 2022, a área totalizou 654 mil hectares.

Mesmo com o cenário desanimador, o enfrentamento do fogo tem como aliado o uso da tecnologia no monitoramento de focos e cálculo desses números, que não são apenas para mensurar, mas também mapear localidades e fomentar ações.

Mas sabemos que uma das dificuldades desse movimento é ter noção em tempo real de como os incêndios e queimadas estão ocorrendo. Torna-se impossível pensar no combate quando se tem imagens de satélite de dois meses atrás ou investigar a origem de uma queimada que só foi captada por essas imagens 20 dias depois de seu início.

 

Apoio da tecnologia

 

Pensando nesse dilema, Renata Libonati, meteorologista e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa/UFRJ), criou a plataforma Alarmes, oferece que atualizações diárias, calculadas por Inteligência Artificial por meio de fotos tiradas do espaço.

Segundo ela, o satélite pode observar várias características dos incêndios florestais, e uma delas é a área que foi queimada. “Antes, para obter informações sobre a área que foi perdida por um incêndio, nós tínhamos que esperar um mês, dois meses, para ter essa quantificação. Isso era um problema para os órgãos que lidam com a gestão do fogo no Brasil, porque a informação de quanto queimou em determinado evento é importante para a tomada de decisão durante a ocorrência. Se eu souber de forma rápida o quanto e onde já queimou durante um determinado evento, eu posso, por exemplo, colocar o meu contingente de combate posicionado em outro local, porque o fogo já não vai para a direção que ele já consumiu. E eu também posso fazer estudos de perícia para saber onde o incêndio começou sem ter que esperar muito tempo”, explica, em entrevista à Agência Brasil.

O sistema Alarmesfoi desenvolvido com recursos de um edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) de 2018. Contudo, desde 2020, o trabalho conta apenas com o apoio de organizações não governamentais estrangeiras, a Wetlands International e o Greenpeace. Renata Libonati considera preocupante a falta de recursos públicos no projeto.“O custo do laboratório tem duas vertentes: a primeira são os recursos humanos. O sistema não tem nenhum técnico da universidade trabalhando nisso. Sou eu, como professora, e uma dezena de pessoas trabalhando, alunos, com bolsas, para que mantenham o sistema. E todo esse monitoramento precisa de um aparato computacional muito grande que nós não temos. O que fazemos é alugar tempo e máquina na nuvem para que o sistema funcione. E não é barato processar dados do Brasil todo, todos os dias”, lamenta a pesquisadora.

 

Outras ações

 

A maioria dos monitoramentos realizados no Brasil se dá por meio do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que conta com tecnologias e aplicações com satélites artificiais e produtos relacionados ao tempo e clima. “Monitorar queimadas com satélites, estimar e prever riscos de queima da vegetação e as emissões produzidas são atividades que se enquadram nestes objetivos”, informa o site do órgão.

Além de inciativas como as de Renata, outros sistemas independentes são também utilizados, como os drones. O equipamento possui o sensor remoto “Lidar” (do inglês Light Detection and Ranging), que usa tecnologia óptica de detecção remota, para o mapeamento tridimensional das florestas. Operado pela brCarbon, a empresa já usava o equipamento em uma etapa de testes e agora incorporou a tecnologia aos trabalhos de rotina, começando no Projeto Cauaxi de conservação, na Amazônia. O Cauaxi está sendo desenvolvido na macrorregião de Paragominas, interior do Pará, informa Danilo Almeida, diretor Redd+ (reduções de emissões de gases de efeito estufa e aumento de estoques de carbono florestal) da startup, em matéria publicada no site Um Só Planeta.

“Nessa parte de mensuração do carbono, é feito um inventário em campo. Vão pessoas para a região, mensuram as árvores, seu diâmetro e altura e estimam o carbono. Depois, utiliza-se o Lidar para conseguir construir um modelo estatístico e extrapolar essa informação que se tem do campo, de mensuração da biomassa, e fazer um mapa de biomassa de toda a área que é sobrevoada por drone”, acrescenta

O equipamento faz voos de 20 minutos e, em cada sobrevoo, coleta de 50 hectares a 60 hectares e consegue fazer até oito voos diários, ou seja,a coleta em 400 hectares/dia. Em um inventário convencional, de pessoas indo à campo, essa investigação seria feita em um hectare por dia. A brCarbon estima levar a outros estados ainda neste ano essa inovação.

Foto: Divulgação/Artur Môes (SGCOM/UFRJ) – com informações da Agência Brasil

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