Incêndios criminosos: tática, conscientização e resiliência são essenciais para o combate

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Estamos vivendo uma crise climática alarmante, com grandes períodos de estiagem, chuvas esparsas que, quando ocorrem, ora são intensas, porém breves, ora não estão no volume que comporte a secura e, consequentemente, não extinguem por completo os focos de chamas presentes nas regiões que sofrem com as queimadas, muitas delas decorrentes da ação indiscriminada do homem. Para se ter ideia, apenas em agosto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 4.928 focos de calor pelo país, muitos considerados criminosos.

Um triste exemplo ocorreu recentemente, em Corumbá, MS: uma fagulha durante a manutenção de trilhos levou seis dias para ser controlado e devastou 17,8 mil hectares do Pantanal, segundo informações, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicou multas na casa de R$ 57 milhões na empresa que realizava a obra.

 

Incêndios criminosos

 

“Estamos em condições de baixa umidade, de muita seca e vento forte. Tinha vegetação seca ao redor da linha, porque a empresa não estava fazendo a limpeza adequada.Estamos com o uso de fogo completamente proibido, e é público e notório os graves incêndios florestais e as condições climáticas adversas. Era obrigação da empresa garantir a segurança da linha, e se a máquina que realizava a manutenção liberava faíscas, teria que ter tido um cuidado ainda maior com a proteção”, explica Ana Cacilda Rezende Reis, analista ambiental do Ibama, ao Repórter Brasil.

 

Já em São Paulo, o governador do Estado, Tarcísio de Freitas, decretou situação de emergência, por 180 dias em municípios afetados, e está estimado mais de 15 mil pessoas envolvidas nos trabalhos de combate às chamas e orientação à população.“A fumaça vem sendo transportadas pelos ventos. Estamos em um ano em que as chuvas estão abaixo da média, o que significa que há menos umidade disponível para a vegetação, e o clima fica mais quente. Com essas condições o fogo se alastra rapidamente, mas o maior responsável por esse expressivo número de queimadas é o ser humano”, alerta Ana Avila, meteorologista e pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ao g1.

 

Papel dos bombeiros

 

Segundo informações da 2ª Companhia de Bombeiros Militar em Passos, MG, 2024 já um dos anos com maior número de ocorrências de incêndios florestais: entre 1º de janeiro e 22 de agosto foram 371 casos, sendo 73 nas últimas semanas de agosto.“O rápido acionamento garante a mobilização das equipes para o combate ao incêndio e minimiza os prejuízos causados ao meio ambiente. Segundo a Lei Federal 9.605/98, que tipifica os Crimes Ambientais, provocar incêndio em mata ou floresta é crime, com previsão de pena de reclusão de 2 a 4 anos e multa”, informa a corporação, ao Folha da Manhã.

Já em Rondônia, segundo o tenente CB Viviani Oliveira, comandante do Corpo de Bombeiros de Vilhena, ao Extra de Rondônia, nos últimos 14 dias de agosto, foram realizados 64 combates a incêndios em vegetação, sendo 95% dos casos têm origem criminosa. “Para determinar a causa exata de um incêndio, é necessário realizar uma perícia pós-combate. No entanto, algumas observações evidentes apontam fortemente para a origem criminosa, como a ausência de fiação caída, maquinário pesado no local, ou de vegetação que poderia gerar combustão natural”, detalha.

 

Papel dos brigadistas

 

Além do trabalho dos bombeiros, a atuação dos brigadistas é essencial para o combate e mitigação desse cenário.  Em Minas Gerais, a Brigada Cipó atua voluntariamente na prevenção e combate à incêndios florestais na Serra do Cipó, o que inclui ações de conscientização ambiental.

“Nos meses de muita chuva pode cair raio e pegar fogo na mata, mas, no tempo seco, são pessoas que colocam fogo, seja para limpar pasto ou por qualquer outro motivo. Desta vez, queimaram muitas cabeceiras onde estão as nascentes. Desse jeito vão acabar com tudo, porque, sem água, não existe nada. E queimada é crime. Eu espero que seja investigado e os culpados sejam punidos”, ressalta SthephanieOssart, francesa, brigadista voluntária e moradora na região da Serra do Cipó há mais de uma década, ao Diário do Comércio.

 

Foto: Ibama

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