O Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio – CB 024, da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT lançou a ABNT NBR 16951 . A nova norma avalia a reação ao fogo de sistemas e revestimentos externos de fachadas em grande escala, trazendo método de ensaio, classificação e aplicação dos resultados de propagação do fogo nas superfícies das fachadas, segundo o engenheiro Antonio Fernando Berto, coordenador da Comissão de Vedações Corta Fogo do CB 024.
Berto fez a apresentação da nova norma durante o evento virtual de lançamento. Ele lembrou que a nova norma elaborada pelo CB 024 é baseada nas normas britânicas BS8414 e BS9414, “a regulamentação mais atualizada que existe para ensaio de revestimento de fachadas combustíveis e não combustíveis, os participantes da comissão fizeram um excelente trabalho”.
Rogério Lin, superintendente do CB 024 apresentou, durante a abertura da live, alguns exemplos de incêndios em edifícios onde a fachada contribuiu para a propagação e destacou a importância da avaliação de revestimentos externos em maior escala. “Até agora existiam normas para ensaio de fogo para revestimentos internos, como forro, parede ou piso, que são utilizados para avaliar se a propagação de chamas e a quantidade de emissão de fumaça eram acentuadas ao ponto de inviabilizar seu uso em ambientes internos”, lembrou. Com a nova norma, Lin entende que passa a ser viável a avaliação de revestimentos externos em grande escala.
Já Berto explicou que o corpo de prova do ensaio de fogo para a nova norma possui cerca de nove metros de altura, montado em formato de canto, “simulando um cenário mais próximo do real em edifícios altos, diferente de ensaios de pequena escala, que não conseguem reproduzir todos os efeitos do incêndio de forma a avaliar seus riscos e desempenhos”.
A NBR 16.951 “especifica um método para determinação das características de reação ao fogo de sistemas de revestimento externo não estrutural de fachadas, sistemas de fachadas ventiladas ou não aderidas, paredes-cortina, sistemas que incluam painéis de vidro, painéis instalados entre lajes de andares e painéis isolantes compostos quando aplicados à fachada de um edifício e expostos a uma fonte de calor, reproduzindo uma situação de incêndio sem condições controladas”.
Em sua apresentação durante a abertura do evento, Lin destacou ainda que existem diversos casos de incêndio em fachadas mundo afora, “o que nos mostra a relevância e real necessidade para este tipo de avaliação tratada na norma”. “Temos um problema na sociedade, com milhões de apartamentos com um tipo de configuração perigosa, que põe em risco a vida de moradores e habitantes dos edifícios. O principal risco, inclusive, é quando as pessoas estão dormindo, porque mesmo com o alarme, elas demoram para despertar. Quando o morador se dá conta, o incêndio já tomou grande parte da edificação e acaba encurralado pela fumaça densa e o calor intenso”, afirmou.
Um levantamento da Associação Brasileira de Proteção Passiva Contra Incêndio (ABPP), nos últimos dez anos, identificou pelo menos 33 incêndios em fachadas pelo mundo, com um resultado de 223 mortes em decorrência deste tipo de risco. E 78% dos apartamentos envolvidos foram completamente queimados e todas as torres afetadas foram interditadas, levando entre dois e cinco anos para a reforma e a reabertura e, em alguns casos foram demolidos, destacou Lin.