Combate aos incêndios e o risco à vida traz alerta sobre a proteção dos brigadistas

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A morte de Tiago dos Santos, brigadista de 38 anos, enquanto combatia incêndios em Corumbataí, no interior de São Paulo, reacende o debate sobre a segurança dos profissionais que atuam na linha de frente contra as queimadas. Santos foi vítima das chamas na quarta-feira, 25 de setembro, quando tentava apagar o fogo em um caminhão-pipa da Usina São Martinho, unidade Iracema. Um colega que estava com ele sofreu queimaduras, mas está fora de risco de vida. A tragédia ocorreu em uma área de canavial queimada, o que gerou um incêndio de grandes proporções.

O caso foi registrado pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo como “incêndio, homicídio e lesão corporal”. As causas do incêndio são desconhecidas, mas o boletim de ocorrência aponta que o corpo de Santos foi carbonizado e o caminhão-pipa destruído. Seu sepultamento ocorreu no dia seguinte, 26, em Itirapina, cidade onde morava. A Usina São Martinho emitiu nota informando que está prestando apoio à família do brigadista e colaborando com as autoridades nas investigações.

 

Combate ao fogo e o risco à vida

 

A morte de Santos destaca não apenas a perigosa tarefa de combate ao fogo, mas também a necessidade de reconhecer que esses profissionais são trabalhadores que atuam em condições de extremo risco e devem ser protegidos no âmbito da segurança e saúde ocupacional. Brigadistas não são apenas combatentes do fogo – eles são trabalhadores que colocam suas vidas em perigo para proteger a comunidade e o meio ambiente. Assim, devem receber as mesmas proteções que qualquer outro trabalhador exposto a riscos ocupacionais.

A tragédia de Corumbataí não é um incidente isolado. No dia anterior, em Brotas, também no interior paulista, um trabalhador se feriu ao saltar de uma colheitadeira em chamas. Ele sofreu fratura exposta no membro inferior e queimaduras nos braços e rosto. O incêndio resultou na destruição de cerca de 100 mil metros quadrados de canavial.

Em 23 de agosto, dois funcionários de uma usina sucroalcooleira em Urupês (SP) perderam a vida enquanto combatiam um incêndio. Saulo Rodrigo de Oliveira, de 47 anos, e Gerci Silveira Júnior, de 30, foram carbonizados ao tentar escapar das chamas após o caminhão em que estavam ter tombado. Esses episódios sublinham o perigo constante enfrentado pelos brigadistas e trabalhadores do setor agrícola, em especial em áreas de cultivo de cana-de-açúcar, que são altamente suscetíveis a incêndios.

 

Realidade semelhante em outras regiões

 

Infelizmente, esse risco extremo não se restringe ao estado de São Paulo. No Piauí, dois brigadistas também perderam a vida enquanto combatiam um grande incêndio florestal em Uruçuí, na zona rural, no dia 23 de setembro. José Almir Portugal de Macedo, de 51 anos, e Edinelson Maciel de Oliveira, de 30, foram cercados pelas chamas enquanto tentavam conter o avanço do fogo. José Almir, que chefiava uma equipe de brigadistas, morreu no local, enquanto Edinelson chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.

O Corpo de Bombeiros do Piauí destacou a dificuldade de combate a esses incêndios, agravada pelas condições adversas e pela carência de recursos. A morte dos brigadistas em Uruçuí revela a gravidade dos riscos enfrentados por esses profissionais em diferentes regiões do país, que muitas vezes não dispõem de equipamentos adequados ou condições ideais para realizar o trabalho de forma segura.

 

Segurança e saúde ocupacional: uma necessidade urgente

 

Essas tragédias chamam atenção para a importância de tratar brigadistas e trabalhadores envolvidos no combate ao fogo como parte da categoria que deve estar protegida por normas rigorosas de segurança no trabalho. As condições enfrentadas por esses profissionais — muitas vezes expostos a incêndios de grandes proporções, como os registrados recentemente — demandam um olhar atento para a implementação de práticas preventivas e equipamentos de proteção adequados.

Os incêndios florestais são frequentes em regiões rurais, especialmente durante períodos de seca, o que agrava ainda mais a exposição desses trabalhadores a situações de risco extremo. Os brigadistas não podem ser vistos apenas como “heróis”, mas como trabalhadores que necessitam de condições adequadas para desempenhar suas funções. É necessário que o poder público e as empresas implementem políticas mais robustas de proteção, treinamento e equipagem adequada para minimizar os riscos e evitar que tragédias como a desses profissionais continuem ocorrendo.

Foto: Reprodução

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