Quando se pensa no salvamento de vidas, um item muitas vezes fica de fora: o estabelecimento de Saúde, onde pacientes e passantes, os socorristas e profissionais atuantes circulam diariamente. Um dado importante alerta para se repensar nessas edificações. Segundo o Tribunal de Contas de São Paulo, dos 18 hospitais da Prefeitura de São Paulo, 11 não possuem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), por exemplo.
Na outra ponta, iniciativas pelo Brasil mostram a importância de implantar medidas para evitar incêndios e outros problemas dentro dos hospitais, um deles é a Brigada de Incêndio.
Como implantar as brigadas de incêndio?
Um dos regramentos a seguir é a Norma Regulamentadora número 23 (NR-23), que elenca as exigências para a implantação de uma brigada de incêndio. Para auxiliar,a Anvisa conta com um manual com recomendaçõesaos estabelecimentos de Saúde. No documento, cita-se que sejam estabelecidos critérios formais para seleção dos integrantes da brigada e que o treinamento precisa ser de 16 horas totais e 8 horas práticas, conforme o Anexo A da ABNT NBR 14.276: “Deve ser estabelecido um organograma da Brigada de Incêndio estabelecendo uma estrutura hierárquica de comando em situações de emergência, sendo caracterizado pela existência de um líder, um sub-líder, chefes de equipes e brigadistas de incêndio subdivididos em equipes de ação específica”.
Vale ressaltar que o curso precisa ser coordenado pelo Corpo de Bombeiros de cada município e, diferentemente da CIPA, os membros da brigada não têm estabilidade empregatícia por estarem nessa função. Sobre a obrigatoriedade, via de regra, em alguns estados, as empresas com 20 funcionários ou mais é mandatória instituir uma brigada de incêndio, mas vale consultar o Corpo de Bombeiros de cada estado.
Na prática
Em fevereiro último, um princípio de incêndio na sala de quadros elétricos no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HCC), no bairro Cristo Redentor, zona Norte de Porto Alegre, foi rapidamente identificada e contida graças às guarnições e a Brigada de Incêndio do estabelecimento.
Em 2013, o Hospital Pequeno Príncipe, PR, também passou por essa situação, desta vez no pronto-atendimento da instituição. Rapidamente o foco foi combatido pela Brigada de Emergência da instituição, que em menos de cinco minutos, “a atuação da equipe interna garantiu que as chamas não se espalhassem”, informou a nota à época.
Recentemente, 70 servidores do Hospital da Criança Santo Antônio, RR, se voluntariaram para compor a primeira Brigada de Incêndio da Unidade de Saúde. O treinamento de 16 horas reuniu técnicos em enfermagem, médicos, fisioterapeutas, psicólogos, maqueiros, fonoaudiólogos, enfermeiros, profissionais de lavanderia e manutenção compõem o quadro de novos brigadistas. Após um ano, será feita uma reciclagem dos participantes para revalidação do curso.
Tenente Arcanjo, do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima e um dos instrutores do treinamento, comentou que os primeiros momentos de uma emergência são cruciais para evitar tragédias. “Os brigadistas serão as pessoas que atuarão no princípio do incêndio até o Corpo de Bombeiros chegar. Eles combatem incêndio, fazem atendimento pré-hospitalar, cuidam das vítimas, salvam o patrimônio e nos passam os procedimentos realizados durante a ocorrência”, disse.
Além dos servidores do hospital, também participaram dez servidores do SESMT da Secretaria Municipal de Administração e Gestão de Pessoas. Lays Kethenn, técnica em SST da pasta administrativa, participou da formação: “Passamos a ter conhecimento sobre o combate ao incêndio e, principalmente, como agir. O brigadista tem o poder de ação dos primeiros cinco minutos, depois desse tempo, o Corpo de Bombeiros assume as responsabilidades”, apontou.
Independentemente de ser ou não exigência, implantar uma brigada de incêndio é importante e traz resultados.
Foto: HCS(RR) / Leo Costa
