Bombeiros destacam desafios e estratégias para o combate a incêndios em Portos e embarcações
Os incêndios, sejam os estruturais (edifícios, residências, veículos), sejam os provocados por agentes externos (queimadas, raios, falhas de equipamentos), requer dos bombeiros o entendimento dessas ocorrências e quais procedimentos realizar, o que inclui estratégias pontuais em regiões portuárias e em embarcações.
De acordo com Manual de Combate A Incêndios em Instalações Portuárias e Embarcações (MCIIPE), do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CBPMESP), todas as instalações portuárias devem ter equipamentos de proteção contra incêndios, seguindo os regramentos da Autoridade Marítima e do Corpo de Bombeiros.
“As cargas secas (sólidos em geral, tais como pós, algodão, celulose, carvão, cereais, etc.) são depositadas em armazéns internos e externos. Já as cargas líquidas inflamáveis, ou não são acondicionadas em armazéns internos ou externos, dependendo das condições de armazenagem. Por fim, o pátio de containers (recipientes) é o local destinado ao armazenamento de embalagens que chegam ou saem do porto, não oferecendo grande risco de incêndio(peças de veículos e maquinários)”, informa o documento.
Estratégias pontuais
Os bombeiros treinados, sejam para atuar nas brigadas de incêndio nesses espaços, sejam os que vão atender uma ocorrência nessa região, precisam além de compreender como funciona um porto, também precisam ter em mente a complexidade dos tipos de embarcações, para lidar com essas ocorrências de maneira exitosa e que tenham o menor prejuízo estrutural e às pessoas do entorno.
Uma boa-prática é a promoção de parcerias, como ocorreu recentemente no Piauí, com a assinatura de um acordo de cooperação entre a Companhia Porto Piauí e o Corpo de Bombeiros do Estado (CBMEPI). O objetivo é fortalecer a segurança e a prevenção de incêndios nas instalações do Terminal Pesqueiro e do Terminal de Uso Privado (TUP), bem como garantir a assistência rápida e eficiente em casos de emergência no litoral de Luís Correia, cidade que receberá a futura sede do Porto Piauí, e de Cajueiro da Praia.
A parceria prevê a implantação de um grupamento marítimo do Corpo de Bombeiros em Luís Correia, responsável por coordenar e qualificar equipes de brigada de incêndio nos terminais. “Por conta do crescimento do município de Luís Correia, há uma necessidade urgente de se instalar uma unidade do Corpo de Bombeiros. A parceria acontece em um momento bem oportuno, para atendermos a toda a orla do nosso litoral”, comenta coronel José de Arimatéia Rêgo de Araújo, comandante-geral do CBMEPI.
Fiscalização
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) é a principal responsável em fiscalizar os portos brasileiros e também promove treinamentos in loco de seus agentes. Em novembro, os servidores da Superintendência de Fiscalização e Coordenação das Unidades Regionais (SFC) da autarquia acompanharam o funcionamento dos terminais portuários locais, as operações de embarque e desembarque de carga nas instalações portuárias, entre outras atividades.
O palco foi o Complexo Portuário de São Luís, MA, formado pelo Porto do Itaqui, o Terminal Marítimo da Ponta da Madeira e o Terminal Portuário da Alumar.“O curso proporcionou experiências teóricas e práticas de troca de conhecimento, criando um ambiente de discussão e de visitas técnicas a importantes instalações no cenário portuário nacional”, frisa Marcelo Carvalho,chefe da Unidade Regional de São Luís.
Simulados
Essencial para o êxito dessas ocorrências é a estratégia prévia e ações que mitiguem tais problemas, como um incêndio em embarcação, por exemplo. O Porto do Itaqui, aliás, recentemente protagonizou o maior exercício simulado de emergência já realizado em portos brasileiros, envolvendo 28 empresas do complexo portuário e diversos órgãos públicos, incluindo SAMU, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Militar, Defesa Civil Estadual e Capitania dos Portos.
O exercício simulou um acidente em navio, que colidiu com o cais devido a uma forte correnteza, resultando em uma explosão e incêndio, o que resultou no emprego de manobras como saída segura dos ao Pátio de Regulação de Carretas (PRC), combate a incêndio utilizando rebocadores, lanchas e viaturas de resgate, além de resgate de vítimas no mar e em terra, incluindo o uso de helicóptero.
“É nossa obrigação garantir a saúde e segurança do trabalhador portuário. Anualmente, executamos simulados para que, numa situação de crise, saibamos exatamente o que fazer. O exercício incluiu ainda observadores ao longo de toda a área, para cumprimento de todas as etapas e retirar as pessoas em segurança”, destaca Hibernon Marinho, diretor de operações do Porto do Itaqui.
Já em novembro, alunos do CBPMESP também participaram de um simulado de combate a incêndio em embarcação na região do Porto Valongo, em Santos, SP. Para o treinamento foi utilizado o Cábrea Pará, guindaste flutuante de 35 metros de altura, com capacidade de levantar até 250 toneladas, que atuou por décadas nas obras do Porto de Santos.
“No simulado, combatemos um incêndio na parte interna da embarcação, com uso defumaça de glicerina no lugar do fogo. A equipe tinha de entrar nesse espaço para duas missões: localizar uma vítima e combater as ‘chamas’. O tempo de investida contra esse fogo simulado também foi determinante para avaliar os alunos”, explica o 2º sargento João Pedro de Oliveira Celestino, do CBPMESP.
Foto: Isabela Carrari – Prefeitura de Santos, SP