Aprendizagem em BREC é importante para lidar com ocorrências em estruturas colapsadas

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Estima-se que mais de 8 milhões pessoas no Brasil vivam em áreas vulneráveis, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010. Quem está em áreas urbanas percebe o crescimento das mais diversas edificações, cada vez mais onerosas e verticalizadas, o que leva um contingente de pessoas a construir moradias nessas localizações de risco e, consequentemente, muitas dessas edificações podem sofrer colapsos, por conta de desastres naturais, falta de uma manutenção correta ou mesmo o desgaste natural desses espaços.

Outro problema é o incêndio, especialmente em estruturas antigas: “Edifícios abandonados são os chamados perigos-alvo. Precisam passar por inspeções frequentes, pois representam grande risco de colapso durante um incêndio. Um prédio vazio por vários anos e exposto à chuva, calor extremo e temperaturas baixas desabará mais rapidamente do que um prédio em bom estado de conservação e ocupado por residentes ou empresas”, escrevem em um artigo Poliana Dias de Moraes, coordenadora do programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina e (PPGEC – UFSC); e Gabriel Zappelini Nunes, soldado do Corpo de Bombeiros Militar do estado.

 

Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas

 

Esses cenários trazem um desafio aos bombeiros, que precisam se aprimorar nos procedimentos da atividade em estruturas colapsadas. Para tanto, realizam o curso de BREC (Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas), que visa o salvamento em um cenário provocado por colapso de edificação (parcial ou total), sendo que as vítimas podem ser encontradas superficialmente ou presas aos escombros.

Outrora, os resgates em condições extremas eram realizados de forma desordenada e muitas vezes sem um preparo adequado. Considerado um dos mais desastrosos quando se fala em resgastes, o terremoto ocorrido na Armênia, em 1988, deixou mais de 55 mil mortos e chamou a atenção por um outro triste número: a morte 80% dos profissionais da saúde que atuavam na ocorrência. Assim, a Organização das Nações Unidas (ONU) traçou uma metodologia disciplinar para tais atendimentos, sendo criado em 1991 o Grupo Consultor Internacional de Busca e Salvamento (em inglês, International Search and Rescue Advisory Group, INSARAG), que elaborou uma padronização para as operações. Também foram definidas as equipes de Busca e Salvamento Urbano (em inglês,Urban Search and Rescue; USAR), além da organização e fiscalizaçãodo uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) no BREC.

O curso, em geral, tem níveis que vão do básico ao avançado e em seu escopo exercícios teóricos e práticos, que abordam temas sobre o USAR, formação de equipes,regramento de INSARAG e da Agência Federal de Gestão de Emergências (Federal Emergency Management Agency), além de buscas e movimentação em ambiente BREC; tipos de colapsos e avaliação estrutural; salvamento em espaços confinados e intervenções em vítimas na estrutura colapsada.

 

Simulação

 

Um dos meios mais pertinentes para a entender a dinâmica nas ocorrências em estruturas colapsadas é a simulação, em que é possível vivenciar na prática e com a expertise direcionada essas ocorrências. Em setembro, 26 bombeiros de vários estados participaram de um curso de BREC leve realizado pelo Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba (CBMPB), divididos em horas de instrução de nivelamento a distância e atividades presenciais em regime de acampamento em Campina Grande. “O curso nos capacitou a atuar de forma segura e eficaz em operações de busca, salvamento e resgate em estruturas colapsadas decorrentes de desastres naturais ou acidentes que possam comprometer a integridade física de pessoas e animais. BREC é uma atividade que segue diretrizes internacionais e tivemos acesso às mais recentes atualizações sobre técnicas, equipamentos e protocolos. Com isso, poderemos replicar e difundir no CBMSE esses novos conhecimentos que vão possibilitar um atendimento cada vez melhor à sociedade”, afirma cabo Maurício Almeida, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Sergipe (CBMSE), participante da formação.

Para o tenente-coronel Landim, coordenador do curso e comandante do Batalhão de Busca e Salvamento (BBS) do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE), a formação é fundamental. “É necessário treinar e aperfeiçoar os bombeiros militares para atuar em operações complexas. Dependendo da natureza da ocorrência, nós precisamos ter bombeiros especializados em cada área. Em BREC, é preciso ter bombeiros militares preparados, física e psicologicamente, para atuarem na zona quente de toda e qualquer operação, dentro e fora do nosso estado”, frisou o militar durante a cerimônia de conclusão do curso de BREC no estado, em agosto.

Foto: CBMPB

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