Decreto estadual e Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros Militar orientam a instalação desses sistemas em prédios no Estado de São Paulo
Cada vez mais se ouve falar na preocupação com a compartimentação horizontal e vertical nas edificações como foram de prevenção contra incêndios. No estado de São Paulo, a Instrução Técnica (IT) 09 do Corpo de Bombeiros Militar estabelece os parâmetros da compartimentação horizontal e compartimentação vertical do Decreto Estadual nº 56.819/11 – Regulamento de segurança contra incêndio das edificações e áreas de risco.
Segundo Othon Fernandes, arquiteto, coronel da reserva do CBMSP e presidente da OFOS – Soluções de Prevenção e Combate a Incêndios, a grande função da compartimentação é isolar o incêndio, impedindo-o de escapar de determinada área. “Isso dá mais tempo, tanto para os ocupantes do local, evacuarem em segurança, quanto para que os Brigadistas e Bombeiros tenham maior possibilidade de combater o fogo antes que a situação fique incontrolável”, explica.
O objetivo do sistema é impedir a propagação do incêndio para outros pavimentos e entre ambientes do mesmo pavimento, lembra Fernandes. “A compartimentação impede que o fogo, a fumaça e o calor escapem do confinamento e se espalhem com rapidez”, afirma.
Desta forma, as edificações ou áreas de risco devem estar dotadas de compartimentações, conforme aprovado no Projeto de Prevenção e Combate a Incêndio – PPCI, pelo Corpo de Bombeiros. Para que a compartimentação seja bem-sucedida, explica o executivo, ela deve atender a três exigências:
- Estanqueidade:deve ser capaz de manter a fumaça e o fogo isolados.
- Isolamento Térmico: impedir a passagem de caloria.
- Estabilidade: garantir que não haverá colapso estrutural em caso de impacto.
Compartimentação Horizontal
A compartimentação horizontal é a separação de áreas em ambientes menores, se utilizando de elementos de contenção no plano horizontal, capazes de impedir a passagem de fogo, fumaça e calor. Ela é mais comum que a vertical, de acordo com Fernandes, pois naturalmente temos a necessidade de dividir andares em diferentes ambientes. “Ela é mais fácil de ser identificada no dia a dia, com a utilização das portas corta-fogo em caixas de escadas, por exemplo”.
Quando existem edificações muito próximas umas das outras a compartimentação é realizada através da separação entre os imóveis. A distância entre as edificações irá variar de acordo com duas características principais:
- A posição que se encontram as fachadas: podem ser ortogonais, paralelas ou não coincidentes.
- Porcentagem da fachada que é aberta: quanto maior a porcentagem, maior deve ser a distância.
Compartimentação Vertical
Já a compartimentação vertical é a separação de áreas que estão interligadas consecutivamente, umas em cima das outras, através de elementos que também são capazes de impedir a passagem de fogo, fumaça e calor.
Fernandes explica que as chamas têm muita facilidade de passarem de um andar ao outro pelas janelas e aberturas externas. “Por isso, a compartimentação vertical é essencial na parte externa do edifício, e não somente na parte interna”, diz. “Nesse caso, a compartimentação é feita através de parapeitos, vigas ou prolongamento dos entrepisos dos andares. Todos os caixilhos e componentes das janelas, com exceção ao vidro laminado, devem ser constituídos por materiais incombustíveis”.
Técnicas e equipamentos estruturais e não estruturais
Tanto na compartimentação vertical, como na horizontal podem ser utilizados diversos materiais construtivos, como alvenaria, gesso, vidro, dentre outros, afirma Fernandes. “É importante saber que cada um destes elementos deve possuir uma resistência ao fogo mínima, que variam de acordo com as características de cada um. É imprescindível a consulta à Instrução Técnica nº 09 do Corpo de Bombeiros e o projeto técnico já aprovado, antes de construir um elemento corta-fogo ou adquirir algum produto específico”, alerta.
Elementos que podem ser utilizados:
Compartimentação horizontal:
- Paredes resistentes ao fogo;
- Portas corta-fogo;
- Vedadores corta-fogo;
- Registros corta-fogo, conhecidos como Dampers;
- Selos corta-fogo;
- Dispositivos automatizados de enrolar fogo; e
- Afastamento horizontal entre aberturas.
Compartimentação vertical:
- Entrepisos corta-fogo;
- Isolamento de escadas por meio de parede e portas corta-fogo de compartimentação;
- Isolamento de poços de elevador e de monta-carga por meio de parede de compartimentação;
- Selos corta-fogo;
- Registros corta-fogo, conhecidos como Dampers;
- Vedadores corta-fogo;
- Elementos construtivos corta-fogo de separação vertical entre pavimentos consecutivos;
- Selagem perimetral corta-fogo;
- Dispositivos automatizados de enrolar corta-fogo.