ABNT estuda criação de Norma Técnica para armazenagem de produtos químicos

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Tragédia ocorrida em agosto no Líbano ligou o alerta para os problemas enfrentados no Brasil

No dia 10 de agosto o Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp) alertou as autoridades de Santos para os riscos de que uma explosão muito maior do que a registrada em Beirute, no Líbano, no último dia 4 de agosto, possa ocorrer no litoral paulista. De acordo com a entidade, as cargas de nitrato de amônia, mesmo produto que provocou a explosão em território libanês, que chegam em navios por aqui são 10 vezes maiores.

Porto de SantosNo Líbano, a armazenagem inadequada de 3 mil toneladas de nitrato de amônia teria sido responsável pela explosão que destruiu quase toda a capital do país. Em Santos, cada navio, segundo o Sopesp, desembarca entre 27 mil e 30 mil toneladas do produto, sem que haja controle sobre o transporte e a armazenagem.

Para Camila Colasso, diretora técnica da Chemical Risk, empresa de consultoria voltada para a Gestão do Risco Químico, Segurança Química Ocupacional e Defesa Química, o país possui empresas que detêm grandes quantidades de produtos químicos armazenadas de forma irregular. “Mesmo o porto de Santos tem grande potencial de desastre”, garante.

Na tentativa de corrigir problemas de transporte e armazenagem de produtos químicos, a ABNT (Agência Brasileira de Normas Técnicas), através de seu Comitê Brasileiro de Química (CB-10), criado em 1964 e que desde 1994 está sob jurisprudência da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), estuda a criação de Norma para orientar essas práticas. Camila, que integra esse grupo, entende ser fundamental concluir os trabalhos. “Os estudos estão no início, embora tenham começado antes da tragédia no Líbano”, lembra.

Inicialmente, o grupo estuda uma tradução da Norma Técnica alemã, considerada mais robusta. “A Alemanha criou sua norma cobrindo todos os problemas que envolvem a posse, transporte e armazenamento de produtos químicos”, explica. “Ela servirá de base para podermos desenvolver nossa norma de acordo com a realidade e a necessidade das empresas brasileiras”.

Fabriciano Pinheiro Coordenador da Comissão de Estudo de Informações sobre Segurança, Saúde e Meio Ambiente relacionados a Produtos Químicos do CB-010, lembra que existe a Norma 14.619 que trata do transporte e incompatibilidade e produtos químicos, mas que não se adéqua ao propósito da comissão. “Nossa intenção é criar uma norma para os armazéns”. Ele destaca que esse debate antecede a explosão em Beirute. “Durante nossas discussões percebemos a importância de tratar do assunto”, garante.

Farmacêutica-Bioquímica, Mestre em Toxicologia, Especialista em segurança, saúde ocupacional e produto, armas químicas, Camila explica que não é apenas o armazenamento de grandes quantidades de produtos químicos que preocupa. “Os fracionados também possuem potencial de provocar tragédias”, alerta. “As empresas não se preocupam em verificar a incompatibilidade dos produtos, que acabam ficando juntos e podem reagir um com o outro provocando intoxicação e até explosões”.

Inventário antes de armazenar

A técnica explica que as empresas precisam fazer um inventário de seus produtos químicos, quais as possíveis interações entre eles e, a partir daí, desenhar o layout do armazém, colocando os agentes químicos distantes uns dos outros, com ventilação adequada, controle de umidade e temperatura, entre outros. “Para quem tem a empresa desorganizada, isso realmente dará um trabalho imenso, mas é fundamental para evitar problemas futuros”.

A sinalização correta e o treinamento dos colaboradores são outras medidas consideradas fundamentais pela profissional.

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