A luta das mulheres em conquistar cargos em diversas profissões também abarca funções nos Corpos de Bombeiros pelo Brasil, cuja a presença das primeiras mulheres bombeiras na função data os idos dos anos 1990.
Falando em números, segundo dados de 2023 divulgados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (Senasp/MJSP), o número delas em cargos de comando nas Polícias Militares, Corpo de Bombeiros Militares e Polícias Civis no Brasil cresceu 9,19% em 2021, ante o registrado em 2020. A Senasp ressalta ainda que o efetivo feminino nos Corpos de Bombeiros Militares está 12,44% maior, nos anos analisados.
A vez das mulheres bombeiras
O Ceará conta com sua primeira mulher a se tornar coronel na história do Corpo de Bombeiros Militar no estado (CBMCE). Em cerimônia ocorrida em janeiro último, Diana Maria Veras celebrou a conquista:
“Quando o governador [Elmano de Freitas] me ligou, eu simplesmente fiquei em êxtase. Recebi muito suporte desde quando entrei na Academia, com meus amigos que me apoiaram fazer um curso em Brasília e minha família que veio muito forte nesse momento. Ser coronel é comandar uma tropa. E minha filha disse que está muito honrada de ter uma mãe comandante”, relatou a coronel Diana.
Já em Minas Gerais, desde 1993 há a inclusão de mulheres bombeiras militares, que passaram pelo mesmo treinamento que os bombeiros homens da época, como ocorrências de incêndios, salvamento terrestre e aquático, em altura, entre outros. Atualmente, está em sua 113 turma e pela primeira vez, o estado conta com uma mulher no cargo de subcomandante-geral e chefe do Estado-Maior do CBMMG: a coronel Daniela Lopes Rocha da Costa.
“O fator mais marcante e simbólico é o encontro de gerações, essa troca de experiências. Uma turma sai, mas temos turmas novas chegando e outras mulheres para dar continuidade ao trabalho que foi iniciado há 30 anos”, afirma a coronel Daniela ao Estado de Minas, em evento de comemoração de três décadas da presença de mulheres na corporação, em dezembro.
Encontros que valorizam
As corporações promovem eventos nacionais e regiões sobre a atuação da mulher nesse segmento. No Paraná, em novembro, ocorreu o 2º Encontro Estadual de Bombeiras Militares (2º Enebom), com 300 participantes de todas as instituições de segurança pública do estado, sendo bombeiras, integrantes das polícias Militar, Civil, Científica, Penal e da Guarda Municipal de Curitiba.
Em pauta, a partilha de experiências, vivencias e de ideias sobre dificuldades, experiências e avanços nessa área: “Cada vez mais a gente precisa preparar as mulheres, cada vez mais a gente precisa inspirar as mulheres, e eu não tenho dúvidas que as mulheres bombeiras do Paraná são as maiores fontes de inspiração para mulheres e meninas do nosso estado”, ressalta Leandre Dal Ponte, secretária da Mulher, Igualdade Racial e da Pessoa Idosa.
A corporação paranaense conta com mulheres em seu quadro desde 2005. Para a tenente Ivna Caroline Dias, uma das organizadoras do encontro, são inúmeras as dificuldades enfrentadas: “Na atividade de bombeiro militar, diante desafios da profissão e da desigualdade de gênero na sociedade, percebeu-se que era necessário unir forças para melhorar esse cenário. De forma técnica e científica, o evento buscou levar ao comando as necessidades de adequações”, frisa.
O Paraná também vai ser sede em 2025 da sétima edição do Encontro Nacional de Bombeiras Militares (Enabom), cujo foco do evento anual é incentivar políticas públicas relacionadas à atuação das bombeiras militares em todo o país, valorizar e compreender o papel da mulher na Segurança. “O Corpo de Bombeiros do Paraná está trabalhando para atender às demandas do encontro, criando ambientes de trabalho saudáveis e livres de assédio, para que as bombeiras militares possam realizar seu trabalho com tranquilidade”, reforça a major Franciane Siqueira, ao Correio do Povo.
A edição anterior ocorreu em Minas Gerais, contando com 500 mulheres representando 26 estados e o Distrito Federal, além de convidadas da Marinha.
Foto: Gilson Abreu/Aen
