Apenas 14% das empresas consultadas pelo Instituto Sprinkler Brasil têm esse tipo de sistema. Novas tendências agem de forma ainda mais rápida para diminuir estragos causados por incêndios
Sprinklers contra incêndio representam um mercado que, globalmente, movimenta US$ 9 bilhões (2018, Research and Markets), e que atende indústrias de todo porte. No Brasil, não é diferente. Modelos do mais simples ao sofisticados podem ser encontrados no país. A maioria é importada.
“Podemos dividir os sprinklers em dois grandes grupos, um formado por sprinklers de uso geral, e outro por sprinklers para área de armazenamento” – explica o diretor-geral do Instituto Sprinkler Brasil (ISB), Marcelo Lima. Esta segunda categoria é composta por sistemas de alta vazão, conhecidos no mercado como “sprinklers de Fator K alto”. Em números aproximados, respondem por 40% do mercado em quantidade e 80% em valor. As tecnologias tradicionais são mais comumente empregadas em edifícios comerciais, shoppings e hotéis.
Mas, com base em números do próprio ISB, no Brasil ainda são pouco utilizados. Esse foi o resultado de uma pesquisa realizada com a Ipsos em 2019, com base em 300 entrevistas de companhias com 250 funcionários ou mais. O resultado mostra que apenas 54% das companhias dizem ter planos de contingência estruturados para enfrentar ocorrências de incêndio. E só 14% dizem contar com sistemas de sprinklers em suas instalações. No entanto, o risco de incêndio é um ponto muito importante para 77% das empresas, e 85% delas levam em consideração as condições de segurança e prevenção de incêndio das instalações ao contratar um espaço.
A efetividade das tecnologias não são um ponto de incerteza. Globalmente, até mesmo seguradoras também estão fornecendo incentivos para a instalação desses sistemas, o que levou a um aumento em suas vendas em todo o mundo, de acordo com o IMARC Group.
Um dos motivos é a efetividade. Um outro estudo, da entidade norte-americana NFPA (National Fire Protection Association, 2017) mostrou que locais que possuíam sprinklers instalados tinham uma taxa de acidentes fatais 87% mais baixa do que locais sem sistemas automatizados de combate ao fogo. Um dos motivos é a capacidade desse tipo de sistema de diminuir a área que os incêndios tomam, dentro de uma construção. Com os sprinklers, 97% dos incêndios ficam confinados à área no qual começaram, contra 71% daqueles sem algum tipo de sistema automatizado.
Regras e Gargalos
De acordo com o ISB, as normas brasileiras de instalação de sprinklers refletem bem o que é utilizado no mundo. São aplicáveis à maioria das edificações tradicionais, e nos últimos anos foram criadas várias normas mais específicas, como aquela para proteção de depósitos de aerossóis, norma para proteção de transportadores de correias, entre outras. “Ainda precisamos desenvolver outras normas específicas para depósitos refrigerados, torres de resfriamento e depósitos de líquidos inflamáveis, por exemplo. Falando sobre a legislação aplicada a sprinklers, temos uma grave falha com relação ao uso nas indústrias. A legislação ainda é falha, pois só exige sprinklers em indústrias de altíssimo risco, e mesmo assim, somente quando as áreas forem muito grandes. A nosso ver, a exigência deveria ser expandida para outros tipos de atividade industrial”, comenta Lima.
O que vem por aí?
De acordo com ele, para a proteção de riscos tradicionais não se espera grandes desenvolvimentos tecnológicos. Os produtos disponíveis atendem bem às necessidades do mercado. “Os fabricantes têm centrado suas pesquisas nos sprinklers para áreas de armazenagem, porque os depósitos estão cada vez mais altos e com estruturas de armazenamento cada vez mais compactas, o que implica maiores riscos de incêndio. Para atender a essas altas demandas estão sendo desenvolvidos sprinklers de alta vazão e novos esquemas de distribuição de sprinklers intraprateleiras (in-racks). No futuro próximo, veremos os sprinklers “inteligentes” acionados por sistemas de detecção, por radiação infravermelha, entre outros métodos, para enfrentar as grandes alturas dos novos depósitos. Alguns desses modelos já estão sendo usados, mas de maneira ainda limitada”.
Uma tecnologia interessante é a névoa de água. O setor não considera a névoa em si uma novidade, mas sim a evolução do uso em ambientes industriais, ou espaços mais sensíveis, como galerias de arte, data centers e hotéis. Os sistemas distribuem uma névoa fina. Com essas gotículas menores, o vapor aparece mais rapidamente, e absorve o calor da chama. Isso diminui a temperatura do próprio fogo. Já outras tecnologias que empregam internet das coisas (IoT) conseguem economizar água e agem de forma mais racional.