Seca e incêndios causaram o desaparecimento de 3 bilhões de árvores na Amazônia em três anos

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A Amazônia pede socorro: entre os anos de 2015 e 2018 a floresta perdeu três bilhões de árvores, além de sofrer impactos por conta da emissão de 495 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2). Esses números preocupantes são resultado das secas extremas, que tem se tornado cada vez mais frequentes devido às mudanças climáticas, conforme conclusão de um grupo de pesquisadores do Brasil e do Reino Unido.

O estudo “Tracking the impacts of El Niño drought and fire in human-modified Amazonian forests” (Monitorando os impactos da seca e incêndios do El Niño em florestas amazônicas com interferência humana), publicado em julho em uma revista científica americana, mostra que durante o verão do final de 2015 e início de 2016 o bioma amazônico se tornou o epicentro do El Niño, fenômeno climático que aumenta a temperatura do Oceano Pacífico e influencia a distribuição de temperatura na água e no clima.

Em outubro de 2015, por conta da estiagem, a floresta, que normalmente é muito úmida, se tornou altamente inflamável, principalmente pelas queimadas provocadas pelos humanos. Isso fez com que os pesquisadores monitorassem trimestralmente uma área de 6,5 milhões de hectares na cidade de Santarém (PA) – área maior do que os estados de Alagoas e Sergipe juntos – para acompanhar as consequências do El Niño na região e quais seriam seus efeitos nos três anos seguintes.

Os pesquisadores perceberam que cerca de 1,2% da Amazônia brasileira e 1% de todo o bioma Amazônico desapareceu nos incêndios ocorridos durante esse período.  Também descobriram que as árvores continuavam morrendo e liberando gás carbônico na atmosfera, por causa da seca provocada pelo El Niño, por anos após o fenômeno climático. Outro dado relevante foi a constatação de que as emissões de CO2 das queimadas florestais foram quase seis vezes maiores do que aquelas emitidas nas florestas afetadas apenas pela seca.

Na prática isso significa que, em apenas três anos, a região liberou uma quantidade de CO2 equivalente às emissões anuais do gás de efeito estufa de alguns dos países mais poluentes. Após esse tempo, apenas um terço das emissões foram reabsorvidas pelo crescimento das plantas na floresta.

Como o El Niño acontece a cada dois e sete anos, em média, estudos apontam que as mudanças climáticas podem agravar o fenômeno. Por isso, é preciso providências urgentes para evitar ainda mais o agravamento da situação, como prevenir as queimadas, os desmatamentos e investir em restauração florestal, para manter a mata mais úmida e minimizar as chances de propagação do fogo.

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