Feiras Fire Show e FISP reúnem principais entidades do setor de segurança do Brasil e mais de 50 mil visitantes

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A 24ª edição da Fisp, Feira Internacional de Segurança e Proteção, e a 15ª Fire Show, International Fire Fair, tiveram início na tarde desta terça-feira, 22 de outubro, no São Paulo Expo, na zona sul de São Paulo. Esta promete ser a maior edição do evento, reconhecido como o mais completo nas áreas de saúde e segurança do trabalho, e prevenção e combate a incêndios da América Latina. Para este ano, os números das feiras são impressionantes, 448 expositores, representando mais de 700 marcas. Até a véspera do evento, 38 mil pessoas, de 41 países, já haviam realizado seu credenciamento para visitar as feiras. A expectativa das feiras é receber 50 mil visitantes ao longo dos três dias de evento, que segue até quinta-feira (24).

Maurício Macedo, CEO da Fiera Milano Brasil, organizadora do evento, abriu a cerimônia destacando as atrações e a programação dos três dias. “Teremos cinco auditórios e mais de 94 horas de conteúdo entre palestras e congressos. E dentre as atrações previstas temos o Espaço de Tecnologia e Inovação, com a apresentação de 27 produtos inovadores para o setor. As rodadas de negócios, uma iniciativa da Brazilian Safety e Apex Brasil, com compradores internacionais,  cuja previsão é realizar mais de 300 reuniões comerciais com os fabricantes brasileiros de EPIs e de EPCs até o final do evento.”

O presidente da Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho (ANIMASEG), Altair dos Santos, reforçou que este é o maior evento do hemisfério sul e o segundo maior do mundo. “Realço a importância da Fisp para a ANIMASEG e estamos lançando nossa campanha de sustentabilidade para o setor de EPIs”, disse.


Mais destaques das feiras

 

A premiação Selo ConsultaCA.com, voltada às empresas comprometidas com o consumidor de EPI, será realizada no evento. Promovida pela plataforma digital da SafetyTec, a premiação reconhece os fabricantes e importadores que oferecem o melhor atendimento ao cliente e incentiva boas práticas no setor.

E em uma área de 700 metros quadrados da Fisp, o público vai conhecer, em tempo real, detalhes da produção de calçados na Fábrica Modelo de Segurança, projeto idealizado pelo IBTeC (Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos) em parceria com a  empresa Marluvas, Equipamentos Profissionais. Já o SENAI-SP está apresentando uma de suas Escolas Móveis, para uma demonstração imersiva de sua tecnologia de ponta e inovação no setor de segurança do trabalho.
Fábrica Modelo de Segurança demonstra produção de calçados em tempo real
Durante as feiras Fisp e Fire Show, o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) e a Marluvas Equipamentos Profissionais realizam a quarta edição do projeto Fábrica Modelo de Segurança, destacando-se como uma atração interativa. Em um espaço de 700 metros quadrados, o público poderá acompanhar a produção de 600 pares de calçados de segurança e ocupacionais ao vivo, sendo 200 pares por dia.

O projeto reúne 50 empresas parceiras, entre fornecedores de insumos, componentes e máquinas, com foco em inovação e eficiência industrial. Segundo Paulo Model, diretor técnico do IBTeC, a iniciativa é uma oportunidade única para empresários do setor. “Nosso objetivo é apresentar novas tecnologias que possam ser implementadas em plantas industriais, otimizando a produção e a segurança dos equipamentos de proteção individual (EPIs)”, afirma.

Entre os equipamentos apresentados, destacam-se as máquinas da Garudan, especializadas em costura, corte e gravação a laser. Maurício Oliveira, mecânico industrial da empresa, ressalta o diferencial das máquinas: “Estamos trabalhando com dois dos quatro modelos de calçados, e nosso equipamento tem um motor direct drive, que elimina a necessidade de um motor auxiliar, tornando o processo mais ágil e eficiente.”

Além disso, Milton Mello, diretor da Formello Formas, reforça a importância das formas na produção dos calçados. “Cada modelo de calçado exige uma forma específica, e estamos utilizando tecnologias de injeção direta, que garantem maior precisão e durabilidade para os produtos”, explica Mello.

Ao todo, estão sendo produzidos quatro modelos de calçados voltados para o uso industrial, sendo dois modelos ocupacionais e dois de segurança com solado de PU bidensidade, uma tecnologia que oferece maior resistência e conforto, especialmente em ambientes que exigem proteção e durabilidade. “Queremos oferecer aos visitantes do evento a chance de observar de perto a aplicação prática não apenas de materiais, mas também de processos, produtos e maquinários que garantem qualidade e alta produtividade”, completa Paulo Model.

 

Eficiência dos Equipamentos de Proteção Respiratória
No primeiro dia das feiras Fisp e Fire Show, o auditório de Tecnologia e Inovação recebeu uma palestra sobre a “Eficiência dos Equipamentos de Proteção Respiratória (EPRs): Teste de Penetração Total (TIL)”. Conduzida por Reinaldo Morelli, Higienista Ocupacional Certificado e Diretor Técnico da Faster, a apresentação destacou os desafios e soluções para assegurar a eficácia dos EPRs na proteção dos trabalhadores.

Durante a palestra, Morelli enfatizou que um dos principais obstáculos para a alta eficiência dos EPRs está na diversidade de situações de exposição ocupacional. Diferentes agentes químicos, concentrações variáveis e formas de dispersão tornam a escolha do equipamento respiratório um processo complexo. “Cada trabalhador tem suas particularidades, os seres humanos não possuem um formato único, por exemplo, o formato do rosto. Além disso, alguns equipamentos respiratórios podem causar problemas psicológicos, como claustrofobia”, comentou o palestrante, que também é membro dos comitês técnicos ABNT/CB-32 e ISO/TC 94/SC 15/WG6.

Outro ponto relevante foi a importância do conhecimento detalhado sobre o ambiente de trabalho. Segundo Morelli, realizar um mapeamento preciso dos riscos e identificar e quantificar as ameaças presentes é crucial para garantir a eficácia dos EPRs. “O primeiro passo para garantir a eficiência do EPR é conhecer exatamente os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos”, afirmou.

Morelli também abordou o Programa de Proteção Respiratória (PPR), desenvolvido pela Fundacentro. Esse programa estabelece o processo de seleção, uso e manutenção dos respiradores com o objetivo de garantir uma proteção adequada tanto ao risco quanto ao usuário. Ele destacou a relevância das normativas, como a NR 06 e a Portaria 672, de 8 de novembro de 2021, que orientam as empresas a adotarem procedimentos claros para o uso desses equipamentos, promovendo a segurança no ambiente de trabalho.

Encerrando sua apresentação, Reinaldo Morelli detalhou o funcionamento do Teste de Penetração Total (TIL), uma das principais ferramentas para avaliar a eficiência dos EPRs. O TIL mede a quantidade de contaminantes que conseguem penetrar no respirador, verificando tanto a vedação quanto a eficiência dos filtros. “O objetivo é garantir que o respirador reduza de forma eficaz a exposição do usuário aos contaminantes”, explicou.

O teste é realizado em condições controladas pelo fabricante para certificar o equipamento, e é uma etapa fundamental para assegurar que os trabalhadores estejam devidamente protegidos em suas atividades diárias.

Escola móvel do SENAI abre suas portas durante a Fire Show

 

As normas regulamentadoras NR-18, NR-33 e NR-35, que se referem a práticas de segurança em altura (acima de dois metros) e espaços confinados de trabalho altos ou confinados, vão muito além de protocolos para bombeiros e trabalhadores da construção civil. São obrigatórias em diversos ambientes de trabalho, como, por exemplo, a planta de uma fábrica. E na impossibilidade de uma empresa mandar os seus funcionários para fazer o curso obrigatório e aprovado pelo MEC em alguma das unidades físicas do SENAI, a própria instituição criou as Escolas Móveis, que permitem levar esses e outros tipos de treinamento para onde for necessário – incluindo o pavilhão 8 do São Paulo Expo, onde está disponível para os visitantes do Fire Show.

Trata-se de uma carreta de caminhão com cerca de 7 metros de altura, que inclui uma plataforma alta com cercas e, no seu interior, câmaras de confinamento com fumaça simulando um incêndio, passagens subterrâneas, escadas, alçapões, sala de aulas teóricas, ganchos para amarração de cordas e todos os equipamentos necessários para os treinamentos.

“Esses cursos, de curta duração, atendem a demandas específicas e imediatas de empresas localizadas em regiões onde a instituição não possui uma escola fixa ou onde a unidade local não oferece o conteúdo necessário”, explica Camila Pimenta, diretora do SENAI-SP. Atualmente, há 78 Escolas Móveis, cobrindo áreas tecnológicas como aeronáutica, automação, alimentos, automotiva, entre outras.

No Fire Show, que começou nesta terça-feira (22) e se estende até o dia 24, Thales Guarezi, técnico de segurança do trabalho do SENAI, está à disposição para fazer o tour completo, demonstrar os recursos da  unidade móvel e tirar as dúvidas dos visitantes.

 

Vestimentas resistentes à altas temperaturas 

 

Os visitantes que estão circulando pelos corredores das feiras Fisp e da Fire Show, irão encontrar as principais inovações e novidades no segmento de vestuário resistente a altas temperaturas.

Uma das empresas especializada neste segmento é a Suprema Luvas, que trouxe para esta edição do evento toda a sua linha de aluminizados: blusas, calças, aventais, capuz, protetores, luvas, capacetes… “Nossos principais clientes são siderúrgicas, metalúrgicas, ou seja, indústrias envolvidas com produções em altas temperaturas”, ressalta Nathália Rufino, gerente comercial da Suprema. O destaque fica por conta das luvas aluminizadas  com palma de aramida, capazes de suportar até 800º C de temperatura com contato e até 1600 ºC de calor radiante (sem contato).

Já as roupas de proteção térmica, podem-se dividir os vestuários em duas categorias: proteção contra o fogo, de curta duração – também chamado de fogo repentino -; e vestimentas para arco elétrico, ou seja, EPI’s para proteger contra descargas elétricas, que geram altas temperaturas e podem causar incêndios.

“Pense em alguém que está trabalhando em uma plataforma de petróleo, um campo de extração, uma indústria química. E, do outro lado, você tem o risco de arco elétrico. Nós, da Dupont, trabalhamos no Brasil com o fornecimento da matéria-prima para a produção dos EPI’s indispensáveis para estes profissionais, que é o tecido Nomex Comfort, voltado para a parte de proteção contra o fogo, e o Nomex Essential Arc, mais voltado para arco elétrico”, ressalta Eduardo Moreira, responsável técnico por toda a linha de Nomex da Dupont na América Latina.

Outra empresa especializada na fabricação de equipamentos de proteção individual é a JGB. A maioria da linha de produtos da empresa exposta nesta 24ª edição da Fisp é direcionada para a altas temperaturas. São EPIs para combate a incêndio, riscos térmicos, proteção contra respingos de metal, calor radiante, proteção dos eletricistas contra arco elétrico e fogo repentino.

“O mercado no Brasil, e todo mundo, na verdade, não tem EPI’s específicos para mulheres. Isso nunca foi uma pauta para o mercado e decidimos levantar esta bandeira nas feiras Fisp e Fire Show trazendo EPI’s com modelagem específica para mulheres, gestantes e pessoas com deficiência, mantendo toda a tecnologia e proteção exigidas por lei”, destaca Marlon Vacario, vendedor técnico na JGB.
“Saúde e segurança são inegociáveis”, diz procuradora do MPT em palestra no Cobrasemt

Dando continuidade à programação do 25º Cobrasemt (Congresso Brasileiro de Segurança e Medicina no Trabalho), que ocorreu durante o FISP 2024 (Feira Internacional de Segurança e Proteção), às 15h30 desta terça-feira (22), a gaúcha Cirlene Luiza Zimmermann, procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT), apresentou o painel “Defesa do Meio Ambiente do Trabalho e na Promoção da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora”.

A palestrante discorreu longamente sobre o histórico da segurança do trabalho no Brasil, que foi referência mundial de acidentes nos anos 1970, um cenário desolador que começou a mudar a partir da Constituição de 1988 – que, além de higiene e segurança, passou a garantir a segurança do profissional- e conquistou muitos avanços com a Política Nacional de Saúde e Segurança, de 2011.

Zimmerman explicou como é feita, desde 2006, fiscalização de segurança do trabalho no país pela Corte Interamericana de Direitos (Corte IDH), que tem sede na Costa Rica, e mencionou diversas instituições brasileiras que atuam a favor do meio ambiente do trabalho (MAT) e  da saúde e segurança do trabalho (SST), como a Previdência Social, o SUS,  Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), além do Ministério Público do Trabalho. “Trabalho seguro num ambiente saudável é um direito do qual não podemos retroceder. Saúde e segurança são inegociáveis”, diz Zimmermann.


Espaço de Tecnologia e Inovação destaca  27 produtos

Neste ano, as feiras  Fisp e a Fire Show apresentam o “Espaço de Tecnologia e Inovação” com a exposição de 27 produtos inovadores destinados ao setor de segurança e proteção. Este espaço inédito foi criado para proporcionar uma experiência interativa aos visitantes que, além de serem impactados pelas novas soluções, já podem organizar melhor o roteiro de visitação nos estandes das marcas para mais informações.

Raul Casanova, diretor executivo da Animaseg, destacou que a ideia do espaço surgiu em 2022, mas foi reformulada para alinhar-se ao tema central da feira. “Fizemos algumas ações, mas não foi exatamente assim. Como o tema da feira passou a ser tecnologia e inovação, decidimos ampliar o projeto, convidando empresas com lançamentos e inovações para apresentarem seus produtos”, afirmou Casanova.

Para atrair a atenção dos visitantes, o espaço foi estrategicamente posicionado logo na entrada da feira (Pavilhão 4), garantindo visibilidade e fácil acesso. Entre os produtos que estão sendo exibidos, destacam-se vestimentas, tecidos refletivos, EPIs respiratórios e softwares voltados para a área de segurança.

Com essa iniciativa, o evento reafirma seu compromisso em promover inovações e tecnologias que atendam às necessidades do mercado, proporcionando um ambiente efetivo para troca de experiências entre profissionais do setor.

Rodada de negócios recebe representantes de 10 países

 

Os encontros comerciais também movimentam a Fisp. No estande do Brazilian Safety, a rodada de negócios durante o primeiro dia atraiu compradores de mais de 10 países, que participaram de mais de 50 reuniões. Fadil Bodden, da empresa Top Safety, situada na República Dominicana, compareceu este ano à sua terceira FISP, incluindo as edições de 2015 e 2022. “O que mais me atrai no evento são produtos tão inovadores, que nos permitem fazer bons negócios e renovar o mercado dominicano”, diz Bodden.

A qualidade e variedade dos produtos também foi o que atraiu Murugasen Govender, da empresa sul-africana Jenrad Corporation, uma importadora com sede na Cidade do Cabo, à sua primeira edição da Fisp. “Está sendo uma surpresa muito agradável perceber que o Brasil é tão industrializado e produz mercadoria de ponta. Sem dúvida essa experiência vai gerar bons negócios para a gente”, disse Marugasen, logo após sua nona reunião na rodada.

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