Estudo analisa condições que envolvem a saúde física e mental de combatentes do fogo

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“Vidas alheias, riquezas a salvar”. Eis a máxima que representa a profissão de bombeiro, ou seja, toda a vida é rica e importa. Esse feito também cabe ao próprio profissional, que mesmo dando a vida a favor do resgatado, também precisa estar preparado física e psicologicamente a esse e tantos desafios que surjam no cumprimento de suas funções. Sob esse prisma, um estudo que analisou condições que envolvem a saúde física e mental de combatentes do fogo mostra os resultados.

Para entender como a mente o corpo dessas pessoas se comporta durante um combate ao incêndio, um levantamento desenvolvido por Florisvaldo Pereira Junior, estudante de Educação Física e capitão do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo (CBMES), e coordenado por Danilo Bocalini, professor do Departamento de Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), mostrou as condições dos militares durante um treinamento.

 

Condições em destaque

 

A constatação foi que a exposição ao intenso calor causa desidratação, diminuição do desempenho físico e desconforto nas regiões da cabeça, ombros e pernas após a realização da atividade.“Um dos principais riscos é quando a temperatura do corpo fica mais elevada que o normal, a chamada hipertermia, levando a desidratação. Consequentemente, desencadeia alterações cognitivas, motoras, cardiovasculares, levando a desmaios e queimaduras. Acidentes que seguramente podem levar o bombeiro a óbito em plena atividade operacional”, alerta Bocalini.

A pesquisa tem como propósito recomendar incentivas novos estudos e ações em prol do bem-estar desses profissionais, como o rodízio de militares durante as ocorrências que envolvam exposição prolongada a chamas, bem como o consumo de água antes, durante e após tais ocorrências.

 

Atendimento humanizado

 

As enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul abalaram não apenas quem perdeu tudo, também os profissionais que auxiliaram no resgate e atendimento às vítimas. Pensando nisso, o Sindicato Médico do estado (Simers) em parceria com a Associação de Psiquiatria do RS (APRS) lançaram em maio um programa de apoio à saúde mental destinado a bombeiros, policiais civis e militares envolvidos.

O Simersfica responsável pelo cadastro e alocação de psiquiatras nos locais de apoio aos agentes, sendo que os atendimentos ocorrem de maneira presencial em Porto Alegre e online aos demais municípios.”Dado o que estão enfrentando, as dificuldades e, principalmente, o intenso trabalho de resgate, entendemos ser fundamental oferecer este apoio psiquiátrico para identificar riscos e intervir precocemente, beneficiando esses profissionais que têm atuado incansavelmente”, enfatiza, ao Terra, Fernando Uberti Machado, vice-presidente do sindicato.

Já no Paraná, desde 2021, a Secretaria de Estado da Segurança Pública disponibiliza o Prumos (Programa de Atenção Psicossocial), que realiza ações de saúde mental a policiais e bombeiros militares. “Temos servidores que precisam de ajuda ou familiares com alguma necessidade especial. Existem leis de proteção social que podem buscar, mas não fazem por falta de conhecimento. Nosso assistente social ajuda nesse sentido. Já os psicólogos tratam dos assuntos delicados e situações estressantes”, explica ”, afirma Ronize Stein Piancini, chefe do Centro de Acompanhamento de Programas Biopsicossociais.

Em números, o programa já realizou 90 mil atendimentos sobre qualidade de vida, manejo do estresse e prevenção ao assédio, com cinco Centros de Atendimento Psicossocial (CAPs) localizados em Curitiba, Cascavel, Maringá e Londrina, além de 40 seções em unidades policiais em 22 cidades, de maneira humanizada e sigilosa.

 

Investimento

 

Em maio, foi lançada a pedra fundamental do Centro de Atendimento Biopsicossocial (CAB) para atender os servidores da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), com ações de bem-estar e saúde mental.

Sandro Avelar, secretário de Segurança Pública do DF, ressalta que a importância de investimento em tal espaço, haja vista a necessidade de meios de tratar servidores da Segurança Pública e familiares. “Sabemos que a atividade é, naturalmente, muito complicada, mas a falta de assistência torna a situação ainda mais delicada. Esperamos também reduzir números alarmantes de problemas psicológicos nas nossas corporações”, frisa, à Agência Brasília.

Índices divulgados pelo Correio Braziliense, feitos pelo sindicato da Polícia Civil do DF (Sinpol-DF) revelaram que em torno de 74% dos agentes entrevistados relataram sintomas de ansiedade e depressão, enquanto apenas 42,7% buscaram ajuda psicológica ou psiquiátrica, em 2023.

 

Foto: UFES

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