Dia da Mulher: mulheres condutoras relatam seu trabalho no Corpo de Bombeiros de MG

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As mulheres estão cada vez mais ocupando espaços e territórios com os homens em predominância, e no Corpo de Bombeiros não é diferente. Puxando o fio da história mundial, nos Estados Unidos, e seu longo histórico de combate a incêndios, já tinham em seus efetivos a presença de brigadistas femininas. Já durante a Segunda Guerra, elas extinguiam o fogo enquanto os homens estavam nas trincheiras. No Brasil, entre os exemplos, de mulheres que fazem a diferença, no Corpo de Bombeiros Militar, em Contagem, MG, profissionais bombeiras estão se destacando como mulheres condutoras de veículos pesados.

Algumas corporações nos EUA eram inteiramente formadas por mulheres, à época, de acordo com o grupo Women in Fire [mulheres contra o fogo, em tradução livre]. Na década de 1970, contudo, mais mulheres começaram a ingressar em brigadas predominantemente masculinas, e as exclusivamente femininas foram diminuindo, informa texto do site Share America.

 

Mulheres condutoras

 

No Brasil, as primeiras mulheres bombeiras na função data os idos dos anos 1990 e estão em crescimento até hoje. Dados da pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (Senasp/MJSP), de 2023, mostram que o número delas em cargos de comando nas Polícias Militares, Corpo de Bombeiros Militares e Polícias Civis no Brasil cresceu 9,19% em 2021, ante o registrado em 2020. A Senasp ressalta ainda que o efetivo feminino nos Corpos de Bombeiros Militares está 12,44% maior, nos anos analisados.

Fazendo um recorte, em Minas Gerais, desde 1993 há a inclusão de mulheres bombeiras militares, que passaram pelo mesmo treinamento que os bombeiros homens, como incêndios, salvamento terrestre e aquático e em altura. Atualmente, está em sua 113ª turma e o estado conta com a subcomandante e chefe do Estado-Maior, coronel Daniela Lopes Rocha da Costa, que se tornou a primeira comandante de aeronave do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG): “O fator mais marcante e simbólico é o encontro de gerações, essa troca de experiências. Uma turma sai, novas turmas chegam e outras mulheres para dar continuidade ao trabalho que foi iniciado há 30 anos”, afirma a coronel Daniela ao Estado de Minas.

 

Profissionais em ação

 

Enquanto conduz o veículo de 20 metros de comprimento pelas ruas, carregando de 25 toneladas de água mais o peso da carroceria, a sargento Lívia Christina de Faria (na foto de abertura) enfrenta mais um dia de rotina no 2º Batalhão de Bombeiros Militar, em Contagem. “Quando eu era soldado eu já gostava muito de autobomba, e tinha vontade de dirigir essa viatura. Em 2019, tive a oportunidade de trocar de categoria [de habilitação, de ‘D’ para ‘E’] foi aí que a minha paixão aflorou mais ainda, já que dirigir uma carreta é completamente diferente de dirigir um caminhão. A primeira vez foi muito tensa, já que o veículo conta com muita água e provoca ondas na condução. Fiquei ansiosa, mas ao mesmo tempo muito feliz, por superar esse desafio”, comenta a sargento de 41 anos, que em 2016 iniciou o curso de sargento e atualmente conduz a viatura Auto Jamanta do CBMMG.

Outra militar que segue esse caminho é a soldado Karla Silva Mota, de 32 anos, ingressante na corporação desde 2017 e, recentemente, foi aprovada no Curso de Formação de Sargentos. Ela conduz a viatura que pode pesar até 16 mil quilos e é especializada em combate a incêndios. “Esse amor pela condução, principalmente pela auto bomba, foi desde que me formei como soldado. Tive a oportunidade de trabalhar em Poços de Caldas e me credenciar em condução de veículos leves [categoria B] e depois em conduções pesadas. Eis aí que a adrenalina traz também essa responsabilidade enquanto estamos dirigindo, tanto a que está na rua quanto aos nossos colegas em missão. Como disse, do mesmo modo que a adrenalina traz essa responsabilidade, conduzir também traz esse amor, esse vínculo entre você e a viatura. Ao mesmo que é um desafio é um incentivo, pois muitas mulheres param para perguntar como é essa condução e se inspiram”, ressalta.

Já soldado de 2ª classe Paula Renata de Jesus, 30 anos, ingressou no CBMMG em outubro de 2023, após quase uma década de tentativas. Muito embora iniciou-se na carreira há pouco tempo, ela enseja dirigir as famosas viaturas da corporação: “Essa foi uma carreira que sempre quis seguir. Demorei muito para ingressar e estar aqui, para mim, é a realização de um sonho. Tenho a intenção de conduzir essas viaturas um dia e é muito motivador para nós e também à outras mulheres que nos veem e até mesmo para as crianças, que vão nos ter de exemplo”, responde a militar Paula, que com persistência e perseverança, muito em breve será mais uma mulher a compor o restrito quadro de condutoras de veículos pesados.

Foto: divulgação – CBMMG

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